COR, MAIS COR…
POEMA de João de Almeida Santos. Ilustração - Inédito de JAS: Poseidôn. Abril, 2018. Volto a propor uma bela canção de Milva/Theodorakis: Milva-Theodorakis - Sogno di Libertà
"Donde termina el arco iris, en tu alma o en el horizonte?"
Pablo Neruda
COR, DÁ-ME COR! Fico mais perto De ti Se vieres Com o vento. Cor, mais cor, Que as palavras coloridas Já me sabem A cinzento... OU TALVEZ NÃO! Palavras Já não me faltam Nem vivo Na escuridão. Ainda consigo Dizer-te, Com palavras Dar-te a mão. TENHO-AS QUE ME CHEGUEM Para gritar Em vermelho O concreto Do teu nome. Ver-te, assim, Tão colorida No vidro do meu Espelho Sem que a tristeza Assome! AH! MAS A COR SE FOR INTENSA E crescer Em explosão, Se tiver Em contraponto Palavras De evasão Que dão ritmo Ao azul Dos teus sonhos De papel... .......... É tudo O que eu preciso P’ra t’esculpir A cinzel. DÁ-ME COR Que eu sou Sensível À luz intensa Do teu olhar! Aprendo nas Flores que Colho, Quando vestes O vermelho, Com azul Como espelho, Ou te cobres Com as cores Do arco-íris Que és. AH!, VÊS COMO TE CONHEÇO? Tu és cor, Gota d’água Suspensa No fio Do horizonte Banhado por Raios de sol Que despontam Lá no Monte. DANÇAS COM ELA, A cor, E com ela adormeces. Por amor. É sopro Da tua alma Quando a vida Já é sonho... ........... E te acalma! MAS EU GOSTO DE TE PINTAR Com palavras. Em maiúscula. Onde o azul é Mais íntimo E o verde Te cobre Como manto. Onde o vermelho É pranto Sem lágrimas De enxugar... .......... Nem sequer Em amarelo P'ra melhor Te recordar! NA COR DAS MINHAS PALAVRAS Te revejo As vezes Que eu quiser Pois és mais Do que desejo Nos cânticos Que compuser! MAS EU GOSTO Cada vez mais De cor... ............ Confundir-me Com ela, Dançá-la Como vida Em explosão, Fogo de artifício Que embriaga Os sentidos Como se fosse Vulcão... LEMBRO-ME DO POETA QUE PEDIA “Mais luz!”, Já em seu leito Fatal. Tinha luz Dentro de si Mas não entrava Cor Pelo portal. Era cinzenta A cor que lhe restava Até escurecer Quando a janela Lentamente Se fechava... LUZ É COR, Desperta da Letargia, Ressuscita Do torpor. Celebra a vida. É cântico. Chilreio de Passarinho Lá no alto Que anuncia O meu voo Aos azuis Que tu pintas Em cobalto. MAS A PALAVRA FASCINA-ME. É com ela Que eu te canto! Com a cor danço E voo! Com ela, leio-te A alma. Na cor, a tua Roupagem. Com a palavra Suspendo Os sentidos Para melhor Te sonhar De todos os dias Perdidos... ........ À deriva No teu mar! AH!, SIM, Eu gosto É das palavras! E sabes porquê? Porque tu cabes Em quatro letras Mesmo que o teu Nome Tenha cinco E me saiba a verde De Primavera...