PALHAÇO
Poema de João de Almeida Santos.
Ilustração: “Máscara”
Original de minha autoria
para este Poema. Fevereiro de 2019

“Máscara”. Jas. 02-2019
POEMA – “PALHAÇO”
COMPREI UMA MÁSCARA,
Pu-la no rosto do
Meu amado poeta
E ele não a enjeitou.
Ainda por cima
Me disse
“- Sou eu, sou...
........................
Como nas palavras
Que digo
Também meu rosto
Mudou".
"NÃO ESPERAVAS
Ver-me assim!
Vá, confessa
O teu espanto!
Luzinhas na minha
Cabeça,
Rosto tão
Desfigurado,
Cor, tanta cor,
A que apeteça
Pra sufocar
Esta dor
Sempre que ela
Apareça
A pedir o meu
Cuidado".
"ADOPTEI ESTA FIGURA,
Apresento-me assim,
As outras
Nada te dizem,
Com esta
Olhas pra mim!"
"PALHAÇO
É O QUE SOU,
Falo a
Surdos e mudos
Que não ouvem
O que digo
Nem me dizem
O que quero
Como se fosse
Mendigo
Do que, afinal,
Nem espero".
"VALHA-ME POIS
ESTA MÁSCARA!
Assim rio
Desta vida,
Rio de ti
E de mim,
Da chegada
E da partida,
Dos abraços,
Das palavras...
..................
E também da
Despedida!"
"SOU PALHAÇO,
É o que sou!
Entretenho-me
A cantar...
E se ouvires
Este canto
Arlequim
É seu autor...
......................
Não t’importes
Nem o chores,
Pois o que diz
No poema
É para espantar
Sua dor!”
A MÁSCARA
É o seu rosto,
Colou-se-lhe
Logo à pele
Com a cola
Do desgosto
E por isso
Já nem sabe
Se este rosto
É o dele.
COMPREI UMA
MÁSCARA
Luminosa
No mercado
Da minha vida,
Ponho-lha sempre
Que posso,
À chegada
E à partida!
NÃO LHA TIRES
Que rasgas a sua
Alma
Pois se o canto
O liberta
É a máscara
Que o salva!

“Máscara”. Detalhe.