OS SEIOS
Poema de João de Almeida Santos.
Ilustração: “Corpo”.
Original de minha autoria
sobre fotografia em contraluz,
de anónimo, da minha colecção
privada. Agosto de 2023.

“Corpo”. JAS. 08-2023
POEMA - "OS SEIOS"
ERAM OS SEIOS
Dessa mulher
A sua atracção
Fatal,
O que ela lhe dizia
Para ele
Era banal,
Mas a forma
Do seu peito
Era desenho
Perfeito
De um corpo
Sensual.
CONTOU-ME,
Em tarde
De melancolia,
Da arrebatada
Paixão,
Quando nesse dia
A perdera
E ali mesmo
Morrera
Essa fatal
Atracção.
ERAM SEIOS
Generosos
(Disse-me,
Com certo brilho
Nos olhos,
Mas serena
Amargura)
Os desta linda
Mulher,
Uma imensa
Alvura
Em formas tão
Sensuais...
............
Era a física
Dos corpos
Que se atraem
Em seus embates
Fatais.
CONFESSOU,
Com olhar
Um pouco vago,
Que o seu corpo,
Insistente,
O convidava
A olhar,
Bem de frente,
Com a libido
A ferver...
........
E, então,
Estremecia,
Ficava paralisado,
Não sabia
O que fazer.
MAS NADA MAIS
Ele queria
(Foi o que sempre
Lhe disse)
Do que vê-la
Em pose
De maternal
Sedução,
Alimento
Dessa sede
Tão faminta,
Dessa irresistível
Pulsão...
SENTIA-OS
Como fetiche,
Como se a vida
Lhe pedisse
Apenas um seu
Olhar,
Criança perdida
No mundo,
Náufrago
Em alto mar...
MAS, AGORA,
Já sem a visão
Que desde sempre
O atraíra
(Foi o que logo
Me disse),
Só sentia
Melancolia
E uma doce nostalgia
Desse corpo
Sedutor
Onde naufragara
Um dia
Em busca de
Salvação
Ou talvez mesmo
De amor.
MULHER-MÃE
Era destino
Que só nela
Se cumpria,
Fruto de uma longa
Solidão
Que se consumou
Nesse dia,
Como se tudo
Só fosse
Uma doce ilusão,
Fruto da fantasia.
