COLISÃO
Poema de João de Almeida Santos. Ilustração: “Inspiração”. Original de minha autoria. Outubro de 2023.

“Inspiração”. JAS. 10-2023
POEMA – “COLISÃO”
NAQUELE DIA Caíste em mim Como meteorito, Embate espectral Neste meu chão, Abriste Sulco profundo Na minha alma, Mas não doeu, Essa abrupta Colisão. Foi simplesmente Fatal. A VELOCIDADE Cegou-me, Um clarão, Ondas e Vibrações Abanaram-me As raízes (É sempre assim), Estremeci E começou Um bailado Que nunca mais Terá fim. PROCUREI-TE Nessa cratera Cavada na minha Alma E, passada A tempestade, Vi fragmentos De ti, Minerais Por lapidar... ............ Como dunas Abandonadas Ao vento Aqui bem perto Do mar. NESSA CRATERA Profunda Encontrei Um brilho Estranho Que me pôs A levitar, Luz intensa E cintilante Na linha Do meu olhar. NUNCA MAIS De lá saí E com mãos De alma pura Peguei Subitamente Em ti... ESCALDAVAS De brilho Em profusão, Mistério De uma beleza Diferente Que nascia Desta estranha Colisão. FIZ DE TI A minha bola De cristal, Li nela A história de um Encanto Que trespassou Como raio A minha fronteira Vital. LEIO-ME A ALMA Na superfície Dourada Do teu corpo Incandescente, Em tímida Exibição, Que me ilumina O olhar E me domina Por dentro Em permanente Tensão. RASTO CÓSMICO, Atracção fatal Que me suspende A vida E me põe A levitar, Subindo sempre Mais alto Sobre paisagem Lunar. AH, SIM, És razão de culto, De arte, Encantamento, Deusa Celebrada Neste canto Que criei, Advento, O meu chão, Palavras Cifradas Que falam Por mim Com paixão, Via mestra, Via quente Da mais bela E, de todas, A mais sofrida Evasão.
