Artigo

NOTÍCIA SOBRE DOIS LIVROS 
DA AUTORIA DE 
JOÃO DE ALMEIDA SANTOS
A DOR E O SUBLIME. 
Ensaios sobre a Arte 
(S. João do Estoril, ACA Edições, 
2023, 232 pág.s)

POLÍTICA E IDEOLOGIA 
NA ERA DO ALGORITMO 
(S. João de Estoril, ACA Edições, 
2023, 254 pág.s)
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O PRIMEIRO LIVRO será lançado no próximo dia 17 DE NOVEMBRO DE 2023, às 18:00, na BIBLIOTECA MUNICIPAL EDUARDO LOURENÇO, na GUARDA. Apresenta o livro o DR. ANTÓNIO JOSÉ DIAS DE ALMEIDA

2.

O SEGUNDO é um novo livro, que dentro de dias será lançado em formato E-BOOK pela ACA Edições, por ocasião do PRIMEIRO ANIVERSÁRIO da Associação Cultural Azarujinha (24.10.2022/24.10.2023).

3.

Partilho hoje, aqui, a CAPA, a FICHA TÉCNICA, o ÍNDICE e a INTRODUÇÃO do segundo livro, Política e Ideologia na Era do Algoritmo.

4.

Esta obra ficará DISPONÍVEL EM VERSÃO DIGITAL DENTRO DE DIAS, podendo desde já ser ENCOMENDADA através do E-MAIL acazarujinha@gmail.com. O CUSTO do e-book será de 2,99€, valor que será descontado em futura aquisição da obra on paper.

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A Capa do Livro. JAS. 11-2023

ficha tecnica e indice_v1

ÍNDICE

INTRODUÇÃO

I.A POLÍTICA NA ERA DO ALGORITMO
A Política na Era do Algoritmo
Apocalipse Now?
Algoritmocracia
Os Novos Spin Doctors
e o Populismo Digital
A Política Tablóide
e a Crise da Democracia

II. A DIREITA RADICAL
A Democracia Iliberal
A Direita Radical  
A Direita Radical em Itália

III. A POLÍTICA DELIBERATIVA
A Democracia Deliberativa
Globalização, Capitalismo e Democracia

IV. POLÍTICA E IDEOLOGIA - 
A LAVANDARIA SEMIÓTICA
Lavandaria Semiótica
WOKE
Os Novos Progressistas
Ideologia de Género
e Luta de Classes
Os Revisionistas e seus Amigos

V. CONCLUSÃO

VI. BIBLIOGRAFIA
INTRODUÇÃO

ESTE LIVRO procura recentrar o discurso sobre a política, sobre a sua real configuração, resultante das mudanças estruturais profundas que se estão a verificar na nova sociedade algorítmica. Deste modo, centra-se em questões que, de algum modo, já escapam a um discurso exclusivamente desenvolvido com os instrumentos conceptuais da teoria política clássica. Muda a realidade, devem adequar-se as categorias. Procura, pois, avançar um pouco no discurso da teoria política, tomando naturalmente boa nota de reflexões que já estão a ser desenvolvidas em linha com a mudança. O seu objecto é, pois, a política e as ideologias contemporâneas, aquelas que estão em curso nesta terceira década do século XXI.


O livro tem duas partes. A primeira é uma viagem pelas relações entre a política e as novas tecnologias, os desenvolvimentos que delas decorrem necessariamente, designadamente nos processos que visam a conquista do consenso e que afectam directamente a legitimidade do poder. Concentra-se também nos movimentos da direita radical e populistas: caracterização, novas formas de aproximação à democracia, doutrina, técnicas de captação do consenso e determinação dos seus principais adversários. Destaque para o caso italiano, o partido Fratelli d’Italia, que neste momento governa este país, sendo o seu maior partido. Mas faz também uma dupla incursão: por um lado, naquela que é a nova configuração da política na era digital e da globalização; por outro, no processo evolutivo da democracia para a forma que melhor corresponde à evolução da sociedade civil. Evolução que se exprime numa nova identidade da cidadania e nas suas relações com o poder, no crescimento, transformação e abertura do novo espaço intermédio, como novo espaço público deliberativo, desenvolvendo, consequentemente, uma análise da evolução necessária da democracia representativa para a chamada democracia deliberativa, aquela forma que garante a preservação dos mecanismos essenciais da democracia representativa, mas que, ao mesmo tempo, procura resolver a chamada crise da representação, melhorando e qualificando os processos de formação da decisão política, a sua transparência e a sua legitimidade.


A segunda parte consiste numa desmontagem daquela a que podemos chamar a esquerda identitária dos novos direitos, em todas as suas frentes fundamentais, considerando a implantação que tem vindo a conhecer quer no interior dos partidos do centro-esquerda e do centro-direita quer nas próprias instituições nacionais e internacionais, muitas vezes já sob a forma de lei e de moralidade social tendencialmente hegemónica. Toda ela é dedicada a uma analítica de desconstrução destas frentes de expressão da esquerda identitária dos novos direitos, tendo sobretudo em consideração dois aspectos. O primeiro é a sua clara oposição à visão liberal clássica, que é a matriz da nossa civilização e na qual assenta a própria ideia de democracia representativa, ou melhor, o sistema representativo e o Estado de direito que lhe está associado. O segundo decorre do facto de esta mundividência multissectorial constituir nos dias de hoje a principal linha de combate da direita radical e populista, que, de resto, procura identificá-la instrumentalmente, e erradamente, com todo o sistema, com o establishment, designadamente com a própria mundividência em que este se inscreve. Numa palavra, com a visão liberal clássica da sociedade. Não é, contudo, totalmente nova esta doutrina política, pois ela retoma aquela que era a visão romântica e crítica do iluminismo e do liberalismo. Crítica que, à esquerda, também encontra uma vasta e inteligente argumentação na obra de Marx, sobretudo na Crítica da Filosofia Hegeliana do Direito Público e em Sobre a Questão Hebraica, ambas de 1843. Estas duas linhas de fractura da política contemporânea, populismo e esquerda identitária dos novos direitos, têm-se revelado talvez como as principais clivagens políticas que nos desafiam e que de algum modo têm subalternizado ideologicamente os partidos do establishment, ou da alternância, enquanto intérpretes falhados da longa crise da representação e da própria democracia. Partidos incapazes de se renovarem doutrinariamente, alinhados numa visão simplesmente utilitária e instrumental da política e do poder. Reduzidos à pura tecnogestão dos processos sociais, deixaram a política pura e dura nas mãos daquelas duas tendências. A linguagem cada vez mais asséptica daquelas forças políticas interpreta cada vez menos as expectativas da cidadania, ao mesmo tempo que afunila a política no discurso da macroeconomia, muitas vezes torturando os números de acordo com os seus interesses eleitorais e subtraindo-se às questões socialmente mais delicadas com discursos retoricamente mais caritativos do que estruturais (veja-se o que a este respeito diz Judt, 2015: 353). O discurso sobre o Estado Social é um claro exemplo disso. Exagerando um pouco: peso financeiro e fiscal máximo para eficiência mínima. Estou a pensar em Portugal.


São estes os aspectos essenciais sobre os quais se centra este livro, que é, ao mesmo tempo, uma reflexão analítica e reconstrutiva sobre a política contemporânea, mas também um manifesto contra essa perigosíssima tendência com pretensões hegemónicas que tem servido de pasto abundante e rico à direita radical, a qual, através dela, tem conseguido desferir golpes certeiros sobre o sistema, sobre a própria democracia representativa, a coberto dos excessos e absurdos desta tendência, o wokismo, que agrega as ideologias do politicamente correcto, do identitarismo, da ideologia de género e do revisionismo histórico, que acabam por ser identificadas como ideologias do próprio establishment. Uma identificação que tem como fundamento o facto de o sistema estar a ser infiltrado em excesso por estas ideologias nos próprios partidos, mas também nas instituições. O perigo é duplo: por um lado, tornar-se hegemónico e legítimo o policiamento do pensamento e da linguagem; por outro, dar vasto campo de combate e de afirmação à direita radical, na sua luta contra a evolução da democracia representativa para a sua verdadeira fase reconstrutiva, a democracia deliberativa, a única que, apresentando-se nos antípodas da solução populista, está em linha com o processo evolutivo da democracia representativa (veja-se o capítulo, de minha autoria, “A Política, o Digital e a Democracia Deliberativa” do livro Estudos do Agendamento (Camponez, Ferreira e Rodríguez-Díaz, 2020: 137- 167).


Os clássicos partidos da alternância não têm estado em condições de se confrontar seriamente com estas tendências, por um lado, devido à drástica quebra de tensão ideológica que acompanhou a sua evolução de partidos-igreja para catch-all-parties e à redução da política a governance, a management, a pura tecnogestão dos processos sociais, revestida por técnicas de marketing com vista à conquista instrumental do consenso. Também é dedicada, na primeira parte, uma especial atenção às profundas transformações que os processos de conquista do consenso têm vindo a conhecer, fruto da revolução tecnológica e dos progressos da inteligência artificial, o que não é de somenos, visto que a conquista do consenso é decisiva para a conquista e a legitimidade do poder. Em 1993-1994, a experiência de Silvio Berlusconi, com a construção do seu partido pessoal Forza Italia, já tinha mostrado à exaustão a afinidade entre os processos de conquista das audiências televisivas e de conquista do consenso e a eficácia da aplicação das mesmas técnicas a ambos os processos. Agora, com a inteligência artificial e as grandes plataformas digitais, tudo isto se aperfeiçoa em termos de controlo individual de massas com níveis de eficácia verdadeiramente assustadores. O libro de Shoshana Zuboff sobre o “capitalismo da vigilância” dá-nos abundante conta disso. E os casos da vitória de Donald Trump, em 2016, e do Brexit, também em 2016, são exemplos suficientemente elucidativos desta evolução, tendo-se, entretanto, avançado muito em matéria de controlo comportamental por parte das grandes plataformas, por exemplo, da Google, sendo certo que nada nos diz que estes avanços só sejam aplicados generalizadamente na esfera comercial e não na esfera política, provocando, neste caso, uma fortíssima ruptura na validade dos processos eleitorais e na legitimidade que sempre deles decorreu para efeitos de governação. O livro também dedica uma parte a este assunto.


O que se espera é que as formações políticas com especiais responsabilidades na preservação daquele que é até hoje o melhor e mais justo sistema de autogoverno dos povos, a democracia representativa, metabolizem as profundas mudanças que estão a acontecer e criem mecanismos de segurança e de fiabilidade dos processos democráticos, impedindo duradouramente quaisquer desvios para formas autoritárias e ilegítimas de governo dos povos. Mas para isso é necessário que tomem consciência das profundas transformações que estão a acontecer e ajam de consequência. O que este livro procura propor é isto mesmo, ou seja, uma viagem pela mudança como contributo do autor para a defesa e a promoção dos valores e dos mecanismos que tornam a democracia representativa o melhor e mais justo dos regimes políticos até hoje conhecidos. Os capítulos sobre a democracia deliberativa e sobre a globalização visam precisamente, e numa óptica construtiva, dar conta da necessária evolução que urge promover para solucionar a crise da representação, mas também para pôr no devido lugar os extremos, à direita e à esquerda, impedindo que tomem conta da democracia para subverterem os seus próprios fundamentos. JAS@11-2023


			

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