METAMORFOSE
Poema de João de Almeida Santos. Ilustração: “A Solidão da Camélia”. Original de minha autoria. Novembro de 2023.

“A Solidão da Camélia”. JAS. 11-2023
POEMA – “METAMORFOSE”
CAMINHAVA Docemente, Irreal, Sobre as cores Que eu lhe dei... Na minha alma Era flor Que eu sempre Cultivei, Alimento Dos meus olhos, Melodia Dos poemas Que para si Cantarei. CAMÉLIA É o nome Da flor Que um dia Encontrei Em profunda Solidão... A alvura luminosa Era tão densa E brilhante Que quase a tomei Na palma Da minha mão. QUIS TRAZÊ-LA Para o poema E disse-me Logo que sim, Ficaria mais serena, Estando perto De mim. FALEI COM ELA, Dei-lhe palavras E cor, Pois solidão É castigo, E ela, brancura Divina, Não merecendo Essa dor Acolheu O meu abrigo. CAMINHÁMOS Numa ponte Prà outra margem Da vida, Foram passos De liberdade, Não foram De despedida. ESSA PONTE De papel Era um arco-íris Saído do meu Pincel Que a devolvia Ao jardim, Onde a cor É alimento, É como favo De mel, De meus olhos O sustento... .............. Porque a arte É assim. VI NELA Essa mulher Dos meus sonhos, Recriei-a Com afeição, Pintei-a Em movimento, Qui-la livre No meu chão De onde Se elevou Quando eu Lhe dei a mão, Nesse preciso Momento. É ESTRANHO O movimento Que não a afasta De mim, Ela vive Em quietude Porque se oferece Assim: Transforma A solidão Em poética Virtude. A SOLIDÃO Em flor Pode ser Libertação Se lhe dermos Muita cor Com a força da Paixão.
