ESCULPIR-TE
Poema de João de Almeida Santos. Ilustração: “O Aurífice”, 2022. Pintura e Poema de minha autoria. Ambos integram a Exposição de Pintura e Poesia, “Luz no Vale”, cuja inauguração ocorrerá a 8 de Fevereiro, às 18:00, no Museu da Guarda. Janeiro de 2024.

“O Aurífice”. JAS. 2022
POEMA: “ESCULPIR-TE”
ENTRE O BRANCO E O NEGRO Quis esculpir-te A alma Na flor que, Num acaso, Encontrei Perdida No jardim Da minha vida... ATRÁS DE TI, Ou em fuga (Já nem sei), Gastara Todas as cores do Arco-íris Que tinha Guardado Dentro de mim. SOBRARA Uma marmórea Pedra negra, Espelho oracular Onde me via Escuro na alma Por falta De cores Exuberantes Que me protegessem Do frio glacial Da tua ausência, Suportada Nas longas Intermitências E contrapontos De uma melodia Inacabada. SOPREI FORTE Com a alma Desnuda E a flor Pousou suavemente Na pedra lisa E brilhante Da catedral, Do oráculo Vestal Onde te queria Celebrar Como amante. ESCULPI-TE Como filigrana De ouro preto Sobre branco-pérola, Aurífice da tua Alma sedutora No coração Alvoraçado Dessa flor Onde guardei O teu nome Gravado em letras Invisíveis. DESENHEI Alvas incrustações Em filigrana Como marcas Indeléveis Da arte Que um dia Me visitou Para celebrar A beleza Do teu rosto. E, AGORA, A olhar para O branco e o negro Desse cântico Desenhado E esculpido, Ofereço-te Este poema Sobre pintura Imaculada Onde te celebro Com arte Minimal, Na forma E na cor, Sem fronteiras, E onde Te reinvento Em fuga: Um elegante Fio branco Que esvoaça, Livre, No marmóreo céu Do teu altar. A ÂNCORA, A sul, Desliza Suavemente Sobre ti E dilui-se, Como eu, Na negra Vastidão... EVOCO-TE, ASSIM, A branco e negro Sobre a flor Que um dia Encontrei Perdida No meu Jardim Encantado Quando visitava O impossível... ............... À tua procura.
