Poesia-Pintura

A PORTA

Poema de João de Almeida Santos.
Ilustração: “A Montanha”.
Original de minha autoria.
Abril de 2024.
Neve01_2024

“A Montanha”. JAS. 04-2024

POEMA – “A PORTA”

OLHO A MONTANHA
De uma porta
De granito
Amarelo,
Com cristais
(O de sempre,
Muito belo),
Como se fosse
A janela
Desse palácio
Encantado
Que do sonho
É o cais.

É A MONTANHA
De sempre,
A que vejo
Da minha porta,
Mas é muito
Diferente
O perfil
Desta visão:
Antes, era 
Futuro que via,
Agora, vejo
O passado,
Essa bela
Ilusão
De a ter tido
A meu lado.

ENTRE PASSADO
E futuro
Era a minha
Identidade,
Ficou quieta,
À espera,
Quando dela
Eu saí
Pra descobrir
A cidade.

SEU HORIZONTE
É o céu,
Abóbada
Sideral
Na fronteira
Da montanha,
Sinto-a
Dentro de mim
Como fonte
Seminal
Que sempre
Me acompanha.

ELA É PORTO
De abrigo
E é lugar de
Partida,
É, pois, mais
Do que porta
Ou mesmo
Do que janela,
É fronteira
Que passamos
Quando a vida
Em nós desponta,
Quando a vida
Se revela.

MAS HÁ
Eterno retorno,
Há regresso
Renovado
Para, assim,
Renascer,
Revisitar
O passado,
O que não
Quero esquecer.

ESTA PORTA
É magia,
Viajo sempre
Com ela,
Dá asas
À fantasia
E dá-me um
Forte alento
Como se fosse
Janela
De onde voo
Com o vento.

DELA VOEI
Para o mundo
E o mundo veio
Até ela,
Quando passei
Esta porta
Também desci 
Da janela.

POR ISSO REGRESSO
A ela,
Esse pilar
Do meu ser
Que da alma
É janela
De onde me posso
Rever.

QUANDO CHEGO,
Logo amanhece,
Quando parto, 
Já entardece,
Mas não sinto
A despedida
Porque dela
Vejo o mundo
Como a montanha
Da vida.
Neve01_2024Rec

“A Montanha”. Detalhe

Deixe um comentário