UM SONHO NA ALDEIA
Poema de João de Almeida Santos. Ilustração: “Rua da Carreira”, 2022. Original de minha autoria. Abril de 2024.

“Rua da Carreira”. JAS 2022. Pintura digital, 68×70 (c/mold). Impressão Giclée em papel de algodão (100% I 310gr) e verniz Hahnemuehle. Arglass AR70 em moldura de madeira.
POEMA – “UM SONHO NA ALDEIA”
SONHEI-TE, Esta noite, Numa rua Da minha aldeia... .............. Não sei porquê (É assim que Os sonhos são), Caminhámos Paralelos Sem dizer Uma palavra, Sem um olhar De través, Estranhos Em solidão. DUAS VEZES, Duas vezes Lá estive, A sentir O que sentia Na rua Da minha aldeia, Nesse tempo Diferido Dos encontros Intangíveis. MAS VI-TE Com nitidez (Um pouco baça, É certo) No silêncio Do meu sonho, Cintilante Como a neve, A recordar Tempo antigo Quando ela, Muito leve, Vinha ter Sempre comigo. FOI NA RUA Da Carreira (A rua Chama-se assim) Em frente Da minha casa, Onde me vejo Passar Quando as saudades Apertam E eu tenho De voltar. SE A VIDA É um sonho, Como dizia O poeta, Também os sonhos São vida, Pois eu vi que, Embalada, E já um pouco Perdida Nesse teu Caminhar Ondulante, Me sentiste, Neste encontro, Como sonhador E amante. E AQUI Estou eu A sonhar-te Outra vez, Com palavras Que componho, Porque te vi Nesse sonho... .......... Na rua da Minha aldeia. É SEMPRE ASSIM, Quanto mais tu Te esfumas Mais cresce Este desejo De ti. É por isso Que te sonho, Pra desenhar O teu rosto Como no sonho Te vi. E DE TANTO Te sonhar Acabei por Te encontrar Na terra Onde nasci, Na rua Onde brinquei, Onde a neve Derretia Quando o sol Lá despontava E logo a saudade Irrompia. AGORA A NEVE És tu, Alvura Que recriei Para nunca Eu perder O que de ti Me sobrou, Como a neve Da minha rua Que não há sol Que a derreta Na penumbra Da memória Que, em parte, É também tua, Embora seja Secreta.
