MÃE
Poema de João de Almeida Santos. Ilustração: “Mãe”. Original de minha autoria. 5 de Maio de 2024. Domingo, Dia da Mãe.

“Mãe”. JAS. o5-2024
POEMA – “MÃE”
GUARDO-TE Desde sempre Aqui, Na galeria Íntima Dos afectos. FIXEI-TE MELHOR Naquele dia E guardei Na memória Profunda O teu rosto Quando te vi Um pouco perdida, Por encanto, A olhar-me Como se fosse A primeira vez. UM BRILHO QUIETO Em teus olhos, Suspensa Nas nuvens, A suave paixão Maternal, Inefável, Que não há palavras Que cheguem Para a contar Com a alma, De tão cheia De mim estares, Quase A transbordar... A AUSÊNCIA Permanente, Tão cortante E insistente, O preço que Pagavas Para que eu Me tornasse No que mais Querias que fosse Fazia crescer Em ti O encantamento Que tinhas Contigo Desde o dia Em que te nasci E comigo Renasceste. AQUI SEMPRE A meu lado, Esse teu rosto Sedutor Nunca me Despertara O desejo De o cantar Em palavras, Em riscos E cores, Para além da Memória Remota Do afecto, Melodia Em surdina, Contraponto Do silêncio. PALAVRAS, SIM, Esse olhar Penetrante Da alma, Esse canto Devotado A tocar, Em cada dia Que passa, As fronteiras Intangíveis Do sagrado. FOI PRECISO Aprender Os delicados Ofícios Da arte Para te poder Celebrar E dizer De todas as formas Que sei O que não quero Calar. E AQUI ESTOU. Esse dia Haveria de Chegar. E chegou.
