Poesia-Pintura

IDENTIDADE

Poema de João de Almeida Santos
Ilustração: "Eu - Nos Tempos de Roma"
Original de Pedro de Almeida Santos
18 de Junho de 2024
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“Eu – Nos Tempos de Roma”. Por Pedro de Almeida Santos. 18.06.2024

POEMA – “IDENTIDADE”

EU SOU QUEM SOU,
Dizia Jahvé,
Mas eu,
Que também sou,
Sou aquele
Que, afinal,
Ainda não sabe
Quem é.

OU SABE,
Ao ter sido,
Pois cada um
É o que é
Pelo que foi
E será,
Pela vida
Que fizer,
Do que da vida
Fará.

PARA ALÉM
Do que eu sou,
É para fazer
Que existo,
Pois o simples
Existir
Não chega
Pra definir
Da vida
O seu registo.

O QUE FOR
Ver-se-á
No caminho
Que escolher...
.............
Mas, vagando
Pela vida,
Serei só
O que fizer?

MAS QUEM SOU EU,
Afinal?
Sou somente
O que já fui
Ou continuo
O caminho,
Com os outros
Ou sozinho,
Como desejo
Constante
De me encontrar
Por aí,
Sempre livre,
Sempre errante
Desde que
De mim eu saí?

SOU POETA?
Sou pintor?
Vivo feliz
Na cidade?
Sou
Cidadão
Do meu mundo
Com incerta
Identidade?

NÃO SEI,
Como dizia
O poeta,
Mas se só for
O que fiz
Não existo
Como tal,
Não sou mais
Que cena nua,
Desenho
Feito a giz
Por pintor
De qualquer rua,
Filho de arte
Banal.

EU EXISTO,
Ou não existo,
Para além
Do que já faço
E do que outros
Vêem fazer?
Só existo
Em seu olhar?
Sou aquilo
Que pareço
E nada mais
Posso ser,
Nada mais
Posso criar?

A VIDA É MAIS
Do que aquilo
Que pareces
E se não fores
O que és
Nunca ela
Te dará
O que, afinal,
Não mereces...

OS OLHOS
Dos outros
Teus espelhos
Sempre serão,
Ajeitas-te
Para lá fora
Ver
O que, afinal,
Pode ser
Uma pura ilusão,
Pois quando
Regressas a ti
Quebra-se
Esse espelho
E regressa
A solidão.

EU QUERO SER
O que sou
E também o que
Pareço
Mas para ser
O que quero
Só a mim
Eu obedeço.

SER E PARECER
A uma só vez
Eis a minha
Solução,
Mas se o parecer
Me domina
É melhor que
Diga não.

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