NUVEM
Poema de João de Almeida Santos. Ilustração: “Travessia”, JAS 2022, 93x118, impressão Giclée em papel de algodão e verniz Hahnemuehle (100% e 310gr), Artglass AR70, mold. de madeira. Original de minha autoria. Junho de 2024.

“Travessia”. JAS 2022. 06-2024
POEMA – “NUVEM”
EM SOMBRA Intangível Se diluía Esse corpo Desejado, Nuvem No céu da Fantasia, A que ele Mais queria Ver-se sempre Abraçado. VIA A silhueta Esfumar-se Lá no alto, Soprada Pelo vento, E desenhava Com palavras, Por entre Silêncios E murmúrios Sincopados, O que dela Lhe sobrara No seu Mais íntimo Recanto: A luz do seu Corpo, Seus olhos Negros Flamejados. AS PALAVRAS Atropelavam-se Para correr Atrás dela No céu Quente Da sua Fantasia Em pautas Para música De câmara Com a sua Melodia. INTIMIDADE, Era o que ele, Nessa ausência Sofrida, Nesse silêncio Fatal, Mais desejava E sentia, Como se fosse Carnal. “NÃO ACREDITAS Nisto, pois não?” Perguntava-lhe Em surdina, Com a alma. “Tanto de mim, Neste excesso De palavras Sobre ti, Como lava De vulcão A deslizar Num poema Pela encosta Íngreme Do teu corpo...” "LÁ NO ALTO, Posso olhar-te Sem te ver, Por fora, Mas por dentro, Com a alma, Ondes me cresces Em palavras Sem que saibas Que outras vidas Nascem Como fruto Do desejo Proibido E do tormento, Até que um dia Elas te cheguem, Assim, Inesperadas E levadas Pelo vento."

“Travessia”. Detalhe.