Poesia-Pintura

PALAVRAS

Poema de João de Almeida Santos
Ilustração: “Fascínio”, JAS 2023
Original de minha autoria
Setembro de 2024
Fascínio09_2024_2

“Fascínio”, JAS 2023, 68×88, papel de algodão, 310gr, e verniz Hahnemuehle, Artglass AR70, em mold. de madeira

POEMA – “PALAVRAS”

PARA QUE SERVE
O poema,
Meu amor?
“Para nada!”,
Dizes tu,
“São palavras
Que usas
Pra te sentires
Menos nu”.

MAS PALAVRAS
São como o vento
(Respondi-lhe
Com verdade),
Vão,
Voltam
E mudam
De intensidade,
Sopram forte
Ou de mansinho,
São volúveis,
Ilusão,
Vão para sul
Ou vão pra norte,
Encontram
O seu caminho,
Mas cruzam
O meu destino
Mesmo que eu diga
Que não.

SÃO INTANGÍVEIS,
São sinais,
Podem ferir
Como espada,
Às vezes,
Como silêncio,
Ou até
Um pouco mais,
Outras, pior,
Como nada,
Nem sequer
Como sinais.

AS MINHAS
Dizem sempre
O que sinto,
Parecendo
Não o dizer,
Mas, às vezes,
É proibido,
Outras simplesmente
Por não querer,
Mas se te escrevo
E até minto
(O que até bem
Pode ser)
É por ser forte
O desejo
De um dia
Eu te ter.

ESTE POEMA
Que te envio
Escrevi-o
Com o vento,
Mas nele eu
Também minto
E até o vermelho
É cinzento,
Pra esconder
Aquilo que eu
Já não sinto,
Pelo menos
No momento,
Pelo menos 
Até ver.

MAS É ESCRITA
Inocente
Que quer chegar
Ao destino,
Como o Sol
Vai a poente
Num poema
Cristalino.

SÃO PALAVRAS,
São sorrisos
E, às vezes,
 Fingimentos,
São murmúrios,
Sentimentos
Daquele que
Sempre te quer,
São o sonho
Do poeta
Quando a vida
Adormece
No rosto
De uma mulher.
Foto_Palavras2024

“S/Título”, JAS 2024

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