O SONHO
Poema de João de Almeida Santos Ilustração: “Jardim Espectral” JAS 2024 Original de minha autoria Setembro de 2024

“Jardim Espectral”. JAS 2024
"Estamos perto do acordar, quando sonhamos que sonhamos" (Wir sind dem Aufwachen nah, wenn wir träumen, dass wir träumen) Novalis
POEMA – “O SONHO”
SONHEI, Um sonho estranho (Não sei porquê, Mas os sonhos São assim), Que numa tarde De outono Eu te vi, Silenciosa, Etérea, Ali, A meu lado, Sob o loureiro Do meu Jardim Encantado. NÃO ERA RUBRO De vida cheia O teu rosto, Olhar incerto Em forma pura, Retrato Em papel baço Ou escultura... ............. De travertino, Distante Destes versos Que na alma São reversos De um sofrido Destino. E EU ALI, Nesse jardim Espectral, A sofrer-te Em suave Melancolia Por só poder Pressentir Em palavras A tua alma, Talvez em fuga, Talvez vazia. ROSTO Impenetrável Que só ouvia Interiormente No que, afinal Não dizia, Intermitente, Mudez gélida Como o mármore Do teu rosto Em travertino, Olhar vago À procura Não sei de quê, Talvez de nada Ou das marcas Do destino. PRESSENTIA-TE Sem ouvir A tua voz. Era apenas Desejo Onírico De alma Vagante E uma silhueta, Talvez errante, Em tarde Já tardia Na espessa Neblina Que me cobria. DE TI Sobrou-me Um rosto, Tudo aquilo Que me resta Pra te sonhar Neste intervalo Tardio Entre mim E a tua vida, Um eterno Desencontro Já gravado Como ferida. ESSE PERFIL Marmóreo Prenunciava Um glacial Silêncio que, Ao acordar, Me há-de Emudecer, Tornando-me Máscara gémea Desenhada Com palavras Que eu nunca Encontrarei, Por te perder... O rasto E os olhos Negros, Esses Que sempre Para ti Eu celebrei Porque sempre Te quis ter.
