Poesia-Pintura

A FIGUEIRA

Poema de João de Almeida Santos
Ilustração: “Pasárgada”
JAS 2021
Original de minha autoria
Dezembro de 2024
Jas02Pasárgada2021

“Pasárgada”, JAS 2021, 108×138, impressão Giclée em papel de algodão (310gr) e verniz Hahnemuehle, Artglass AR70, em mold, de madeira

POEMA – “A FIGUEIRA”

EU TINHA
Uma figueira
Lá onde está
O tão cantado
Loureiro.
Generosa
E fagueira
Dela fiquei
Prisioneiro
Ou até
Enamorado.

NA AURORA
Da minha vida
Dava figos
Ping’o mel
Que, deliciado,
Comia.
Crescendo, assim,
A seu lado
Era belo
O que sentia...
...........
Ser por ela
Acarinhado.

MAS UM DIA
Ela morreu.
Fiquei triste
E calado,
Sem saber
O que fazer...
..............
Mas logo plantei
Um loureiro
Mesmo ali
A seu lado
E fiz tudo
(Mesmo tudo)
Para por ele
Ser amado,
Para com ele
Eu crescer.

TORNEI-ME
Um bom
Jardineiro,
No afecto
Imaculado
Para ver se
Conseguia
Ficar de novo
Encantado.

E NÃO É QUE
Consegui!
Partira
À aventura,
Já sem figos
E doçura,
Mas foi tão forte
O que senti
Que ainda hoje
Perdura.

PERDER
Ou ganhar,
São estas
As leis da vida,
Perdi
A minha figueira,
Logo encontrei
Um amigo
No dia
Da despedida.

E ASSIM
Eu consegui
Recriar
O que perdi
Ao plantar
O loureiro,
Porque vê-lo
No jardim
(Também ele
É fagueiro)
Estimula
A fantasia:
Recrio
A velha figueira
Com um golpe
De magia,
É emoção
Verdadeira
Em forma
De poesia.
Jas02Pasárgada2021Rec

“Pasárgada”, JAS 2021. Detalhe

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