TEMPO E MEMÓRIA
Poema de João de Almeida Santos Ilustração: “A Esfera do Tempo” Pintura de minha autoria Fevereiro de 2025
POEMA – “TEMPO E MEMÓRIA”
JÁ NÃO SEI Se me ouves, Ó musa Cuja melodia Me ressoa Na alma Sempre que viajo Em palavras, Inspirado, Em busca Do instante Perdido Nesse tempo Tão fugaz E tão sofrido, Nesse distante Passado. É NA ESFERA Do tempo, Sempre em rotação Sobre si, Que eu te posso Encontrar Reflectida No meu espelho Encantado, Silhueta Intangível Que se esgueira Na neblina Do tempo... ............. E sem destino Marcado. TEMPO Implacável, Meteorito Incandescente, Inesperado, Tsunami De emoções, Ruínas Por todo o lado. E EU FUI Atrás dele, Levitando, Vestido de Azuis celestes Que se manchavam De nuvens Carregadas Para susterem Seus raios Intermitentes Em combustão Que ameaçavam Desintegrar O tempo novo Da reconstrução. ÉS PASSADO Em ebulição Permanente (É assim que Eu te sinto), Mas só te posso Rever (Para não Petrificar) Através de um Espelho Já baço, Mas iluminado Por um clarão De palavras Que reconstrói Os destroços Do passado. O MEU TEMPO É fluxo, É movimento Entre o que foste E o que serás Na busca Permanente De uma poética Da salvação Que me conduz À memória Dos afectos Inacabados... ............ E à piedosa Ilusão Dos que foram Rejeitados. DENTRO DE MIM Há, como sabes, Um fogo intenso Que me põe A alma em chamas, Que me fascina E me seduz Como borboleta Amarela Atraída pela luz... E ARDO, Ardo em palavras, Em cada poema Em que te ouso Cantar, Como vela Que derrete Para te iluminar. E, ENTÃO, VEJO Um clarão De palavras E de cor Que te ilumina, Antes da cíclica Noite escura Que me trará, De novo, O sonho Reparador E que para sempre Perdura. VIVO ASSIM Em eterno retorno, Clepsidra Da existência Em cíclica rotação Onde o sonho Se torna vida E a vida ilusão.

