A FONTE
Poema de João de Almeida Santos Ilustração: “A Fonte” Original de minha autoria Abril de 2025
POEMA – “A FONTE”
VENHO AGORA De lá, De alma cheia, Venho Dessa torrente Gelada Que corre Pela encosta, Em cascata Ritmada, Esse rio A brotar Lá do alto Da montanha, Sem nunca, Mas mesmo nunca, Parar Quer eu venha Ou não venha, Com chuva Ou a nevar. MAS VENHO AGORA De lá, Trago-a sempre Comigo, A lembrar-me Tempo antigo E o rio Que lá corre, Ao fundo Desse meu vale, Ao fundo Do meu abrigo. ÁGUA FRIA, Água antiga Que me aquece A alma, Onde ficou Registado Esse frio seminal Quando ela Me visitava, Essa alvura Glacial. FICOU-ME Na memória Como tempo Juvenil Que não volta Nunca mais, Verdes anos, Inocente Aventura Quando à noite Eu procurava Os pardais Aninhados E com frio Sob as telhas Dos telheiros, Sob as telhas Dos feirais, Inocente desafio. OU A CAÇA Aos coelhos Sob a brancura Da neve Sem consequências De mais Porque nunca os Encontrava Nas caçadas Inventadas, Como a caça Aos pardais. E ESSES BONECOS Tão brancos, Toscas Esculturas De quem não sabe Esculpir Com a beleza Da neve, Essa forma De sorrir Tão cintilante E tão leve. TRAGO TUDO ISSO Comigo Quando visito A fonte À procura Do passado Que não volta Nunca mais, Mas ali Eu sempre o sinto Como se ela fosse Desde sempre O meu cais. UM PASSADO Inocente, Animado Pela neve, Mas que hoje É tão pesado Como antes Era leve.

