A PORTA
Poema de João de Almeida Santos.
Ilustração: “A Minha Aldeia”,
JAS 2024.
Original de minha autoria,
oferecido à Junta de Freguesia,
juntamente com os 10 Retratos dos
Presidentes de Junta, desde 1948,
em 27 de Abril de 2025
POEMA – “A PORTA”
OLHO A MONTANHA
Da minha porta
De granito
Amarelo
(O de sempre,
Muito belo,
Com cristais)
Sobre as telhas
Do sobranceiro
Telhado
Como se fosse
Janela
Do meu palácio
Encantado
(Que do sonho
É o cais).
DELA CONTEMPLO
A aldeia,
Mas é diferente
A visão,
Antes, eu via futuro,
Agora, vejo passado,
Mas é bela
A sensação
De a ter sempre
A meu lado.
ENTRE PASSADO
E futuro
Garantiu-me
Identidade,
Ficou quieta
À minha espera
Quando dela
Eu parti
Pra descobrir
A cidade.
A FRONTEIRA
Foi sempre
O azul profundo
Do céu,
Espelho
Da minha errância,
Um horizonte
Sem fim,
Projecção
Da fantasia,
Sem medida
Nem distância.
ELA É PORTO
De abrigo
E é lugar de
Partida,
É fronteira
Que atravesso,
É lugar
De despedida.
MAS HÁ SEMPRE
Um retorno,
Um regresso
Renovado
Onde posso
Renascer
Quando visito
A memória
Do que não
Quero perder.
DESTA PORTA
Vejo a aldeia
E logo viajo
Por ela,
Dou asas
À fantasia
Como se fosse
Janela
Donde voo
Com o vento
Soprado
Pela magia,
Por tudo aquilo
Qu’invento.
E DELA VOEI
Para o mundo
E o mundo veio
Até mim,
Mas quando passei
Esta porta
Já era um mundo
Sem fim...
POR ISSO
Regresso a ela.
Quando chego,
Logo amanhece,
Mas quando parto
Não entardece
Nem sinto
A despedida
Porque dela eu vejo
O mundo
Como a montanha
Da vida.

