Poesia-Pintura

O JASMIM

Poema de João de Almeida Santos
Ilustração: “Rapsódia”
JAS 2025
Original de minha autoria
Maio de 2025

“Rapsódia”. JAS 2025

POEMA – “O JASMIM”

FLORESCEU O JASMIM,
Dele jorra poesia,
Embriaga,
O seu aroma,
Esparso
Pelo jardim,
E liberta
A fantasia.

DOU ÀS PALAVRAS
A cor
E o seu perfume
Ilumina,
Bate o sol
Nas suas pétalas,
É luz intensa
Que brilha
No poema que
Germina.

JÁ NÃO É SÓ
O loureiro,
Agora canto
O jasmim,
É tão vivo
O seu perfume
Que transborda
No jardim.

INUNDO-ME
Também eu
De palavras
Com perfume,
Canto a cor,
Invoco a musa
Para subir
Ao seu céu,
Do perfume
Levo o sabor
Que também é
Um pouco meu.

SOU ÍCARO
Lá no alto
E se o sol
Me incendeia
Por voar
Em altura
Proibida
Caio logo
Do poema
No chão frio
Desta vida.

PEÇO AJUDA
Ao jasmim,
Volto a subir
Com alegria,
Lá no alto
Eu renasço
E regressa
A poesia.

E VOLTO
A encontrar
O jasmim
Mesmo ao lado do
Loureiro,
Respiro fundo
Os aromas
E torno-me
Seu jardineiro.

E ASSIM EU VOU
Vivendo
No jardim 
Da minha vida
Em poemas
E pintura...
....................
E quando a tristeza
Regressa...
Que seja esta
A cura.

AS PALAVRAS ESCONDIDAS NOS TEUS RISCOS

Poema de João de Almeida Santos
Ilustração: “O Jardim e a Janela”
(JAS 05.2025)
Original de minha autoria
Maio de 2025

“O Terraço e a Janela”. JAS 2025

POEMA – “AS PALAVRAS ESCONDIDAS NOS TEUS RISCOS”

ENCONTRO-TE
Sempre
Num acaso
Marcado
Pelo destino,
Olho-te
De frente
Só com palavras
E afago
As tuas mãos
Nos traços
Com que desenhas
O infinito.

ÀS VEZES,
Olho-te nos olhos,
Em silêncio,
Com palavras,
Sempre com
Palavras,
Em surdina,
Timidamente,
Com um brilho
Interior
Que não se vê,
Mas se pressente.

AH, COMO GOSTO
Desse teu rosto,
Linha de arte
Saída de ti,
Subtil,
Desse sorriso
Cúmplice,
Que inebria,
E do teu perfil,
Que alumia.

DIGO-TE
Palavras,
As do momento,
Sobre o sol
Ou sobre a chuva,
Sobre as nuvens,
Sobre o vento...

E SINTO-TE
Como quando
Te vi
Pela primeira vez
Do meu jardim
Sem te revelar
Que fugiria contigo
Da rua proibida
Para o abrigo
Da poesia
Onde te fui
Encontrar.

SE TE PERCO,
Chega, rápida,
A saudade
Que já espreitava,
Dorida,
Nesse teu olhar
De eterna
Despedida,
A sonhar.

ENTÃO ENVIO-TE
Sinais
E construo,
Palavra a palavra,
Um longo poema
Com coisas
Que parecem
Triviais.

SE NÃO FOSSE POEMA
Temeria o excesso
De palavras
E perder-te
De vez
Nas tuas fugas,
Nesses voos
Sobre as aguarelas
Com que agarras
Os céus
Da tua alma.

E EU FICASSE
Como folha branca
Caída,
No outono
Do meu afecto,
Do desejo
De sonhar,
E deixasse
De fazer riscos
À procura
De palavras
Que podiam
Nunca chegar...

MAS, POR ISSO,
Continuo
A procurar-te
Na arte,
Nas palavras,
Nas curvas
Apertadas da vida
Que estão cheias
De poesia
E de ti,
Daquilo que nunca
Será dito,
Mas vivido
Nesse intervalo
Onde as palavras
Se aninham
À espera do tempo
Que já se foi
E não volta
Nunca mais.

Deixe um comentário