VOZES
Poema de João de Almeida Santos Ilustração: “A Voz” Original de minha autoria 18 de Maio de 2025
POEMA – “VOZES”
O POETA Ouve vozes E diz De si para si: “Vozes de burro Não chegam Ao céu”; Mas no meio Dessas vozes Há uma Que lhe segreda: “O caminho A trilhar Não é esse, É o meu”. FICA CONFUSO O poeta Pois gosta Muito das vozes Que vêm Lá do alto Do céu, Que inspiram Seus poemas E nada Lhe pedem Em troca, Nada lhe pedem De seu. ELE OUVE A vozearia Dos feirantes Da verdade, Por isso finge Afasia Porque neles Não há Vontade... ........... Nem sequer Biografia. SOBE AO MONTE, Desce ao vale, Invoca a deusa, Inspiração, Mas nada encontra Que o ajude Na difícil Decisão. O QUE OUVE São vozes Que ao céu Não chegarão. Não são boas, Essas vozes, Porque nelas Só encontra Vã conversa E altiva Presunção. MAS A VOZ Que lhe sussurra O caminho A seguir, Dizendo Que vem do céu, É a voz Maliciosa De um perfeito Filisteu. E POR ISSO Lhe responde Em velada Confissão: “Eu não vou Pelo teu caminho, É melhor que vá Sozinho Numa outra Direcção”. E ASSIM O POETA Cumpre A missão Que escolheu: Segue O caminho oposto Ao da voz Do Filisteu.

