QUEM ÉS TU?
Poema de João de Almeida Santos Ilustração: “Corpo” Original de minha autoria, baseado em foto em contraluz, de autor anónimo (Colecção privada) Agosto de 2025
POEMA – “QUEM ÉS TU?”
HÁ POESIA No teu corpo (Dizia o poeta), Delicada Geometria, Contraponto Expressivo De uma quente Melodia. HÁ MÚSICA, Pauta Da beleza física Que levita Entre cores, Aromas E sons, Em surdina, Construindo Enigmas Que só o Poeta Pode decifrar, Como quem Te ilumina. TENS A ALMA Inscrita No corpo, Como eu A tenho Nas palavras Com que construo Os poemas No discurso da Beleza Em que me vou Enredando Como em teia Que me prende E me liberta... ........... Com leveza. VEJO-TE Num bailado A solo, Dançando A despedida E canto-te Num poema Ao ritmo do Corpo E da alma Com que te Vais retratando Nas telas Pintadas Da vida. E PEÇO-TE Que não pares Esse teu Silencioso Bailado Até que eu Te desenhe Em palavras Pra que nelas Te revejas Como num espelho Encantado. MAS, AFINAL, Quem és tu? (Perguntou O poeta) Tu, que tantos Rostos tens E me falas Com o silêncio; Tu, que danças Em movimentos Que apenas Acontecem Na alma De um poeta; Tu, cuja melodia É a do vento Que me responde Com o eco Dos poemas, Vindo não sei De onde? NÃO SEI MESMO Quem és... Talvez a musa Inventada E constante Que me aquece A alma Quando o calor Das palavras Desaparece E ameaça Tornar-se Gelo puro E cortante. QUEM ÉS TU, Afinal? Uma só com Muitos rostos Ou todos Os rostos Num só Que se esfuma Cada vez mais Na bruma espessa Do tempo, Sem piedade Nem dó?

