VER
Poema de João de Almeida Santos Pintura: “La Peccatrice” JAS 2023, apud Klimt (57x88, em papel de algodão, 310gr, e verniz Hahnemuehle, Artglass AR70 em mold. de madeira) Original de minha autoria Setembro 2025
POEMA – “VER”
QUANDO TE VEJO, Vejo-te a cores, Sinto aromas E provo sabores Na fantasia... EU VEJO TRAÇOS E vejo riscos E tantas fugas Prò infinito Nos sete céus Dessa magia E eu logo digo O que já sinto A quem pergunta: – É poesia. AO LONGE, O horizonte Desses teus riscos, Aqui, uma ponte Desenhada Que me leva Ao pé de ti Quando o rio Já transborda E eu sinto Que me perdi. QUANDO TE VEJO, Eu vejo ruas, Eu vejo praças E catedrais, Vejo desenhos Nas tuas mãos, Vejo vitrais E vejo sóis Em refracção Que aquecem A minha alma Porque é bela Esta visão. E VEJO ROSTOS, Vejo-te a ti Nesses poemas Que escrevi, Sentir-te perto Era o desejo, Ver o teu céu No horizonte, Sentar-me logo Neste meu banco E ver-te bela Sempre daqui. VEJO MONTANHAS E vejo cores, Eu vejo casas Por esses vales E esses rios Por onde corre O fio d’água Com que tu regas O teu jardim Pra nele nascerem Os meus poemas E a tua pele Ser de cetim. SINTO NO AR O teu calor, Cabelos negros A esvoaçar E sinto o vento Nesse teu rosto E altas ondas No nosso mar Mesmo que venhas Já no sol-posto Com os teus barcos A navegar Na imensidão Onde se perde O meu olhar. EU VEJO TELAS E os teus pincéis, Vejo a tinta Na tua mão, Vejo-te a ti, Doce pintora, Tão concentrada Nesses quadros Em construção. VEJO QUADROS E vejo letras, Nessa pintura Vejo sinais, Eu vejo tudo Neste pontão Do nosso cais E sou feliz De assim te ver... ............. E isso basta, Não quero mais. EU VEJO TUDO À minha volta, Mas não te vendo Eu sinto dor, Vem ter comigo A este rio, Passar a ponte Prò outro lado, Dar-me a mão E um sorriso, Fazer de mim Um ser amado Mesmo sem teres A tua ponte, Bela e leve, Já desenhado, Mas, mesmo assim, Que eu possa ser O teu pecado. EU VEJO TUDO À minha volta, Mas faz-me falta O teu sorriso, Mesmo que minta Nada mais quero Pois é só disso Que eu preciso.

