OS SEIOS
Poema de João de Almeida Santos.
Ilustração: “Mulher”.
Pintura de JAS (2025) sobre foto
artística de autor anónimo
e de minha propriedade.
Dezembro de 2025.

"Mulher". JAS 2025
POEMA – “OS SEIOS”
ERAM OS SEIOS
De uma mulher
A sua atracção
Fatal,
O que ela
Lhe dizia
Para ele
Era banal,
Mas a forma
Do seu peito
Era desenho
Perfeito
De um corpo
Sensual.
CONTOU-ME,
Em tarde
De melancolia,
Da arrebatada
Pulsão,
Quando ele
Nesse dia
A perdera
E ali mesmo
Vira morrer
Essa fatal
Atracção.
ERAM SEIOS
Generosos
(Disse-me,
Com certo brilho
Nos olhos,
Mas serena
Amargura)
Os dessa linda
Mulher,
Uma imensa
Alvura
Em formas tão
Sensuais...
............
Era a física
Mais pura
Dos corpos
Que se atraem
E seus embates
Fatais.
CONFESSOU,
Com olhar
Um pouco vago,
Que o seu corpo,
Insistente,
O convidava
A olhar,
Bem de frente,
Com a libido
A ferver...
..........
E, então,
Estremecia,
Ficava paralisado,
Não sabia
O que fazer.
MAS NADA MAIS
Ele queria
(Foi o que sempre
Lhe disse)
Do que vê-la
Em pose
De maternal
Sedução,
Alimento
Dessa sede
Tão faminta,
Dessa irresistível
Pulsão...
SENTIA-OS
Como fetiche,
Como se a vida
Lhe pedisse
Apenas um seu
Olhar,
Criança perdida
No mundo,
Náufrago
Em alto mar...
MAS, AGORA,
Já sem a visão
Que sempre
O atraíra
(Foi o que logo
Me disse),
Só sentia
Melancolia
E uma doce
Nostalgia
Desse corpo
Sedutor
Onde naufragara
Um dia,
Em busca de
Salvação...
................
Ou talvez mesmo
De amor.
MULHER-MÃE
Era destino
Que só nela
Se cumpria,
Fruto de uma longa
Solidão
Que se consumou
Nesse dia,
Como se tudo
Só fosse
Uma doce ilusão,
Um fruto
Da fantasia...
...............
Ou, então, fosse
Paixão!
