ESPELHO DO TEMPO
Poema de João de Almeida Santos.
Ilustração: “Esfera do Tempo”.
Original de minha autoria para este Poema.
Novembro de 2018.

Esfera do Tempo. JAS. 11-2018
POEMA – “ESPELHO DO TEMPO”
QUEM ÉS, Tu que ressoas Na minha imaginação Sempre que parto Para um poema? TEMPO Que flui E se gasta Dentro de mim Como memória que se esfuma? ESFERA DO TEMPO... É como te vejo Do lado de cá Do espelho Plano Onde te reflectes Cada vez mais Como espectro Intangível. TEMPO, O nosso tempo, Que desliza Silencioso, Implacável, Como esfera De fogo, Meteorito Incandescente Sobre o jardim Das magnólias Encantadas Que me hão-de Renascer Em cíclico Retorno... E EU VOO Atrás dele, Do tempo, Levito, Queimando-me As entranhas, Vestido de Azuis Que se mancham De nuvens carregadas Para apagar O fogo Que faísca, Intermitente, Sobre mim. ÉS TEMPO, SIM... E és passado Quando te revejo Através de um Espelho Baço e enrugado, Superfície amarela Iluminada por um Clarão ao rubro Que parece Sombrear Este presente Sofrido! MAS O MEU TEMPO, Esse, É intervalo Entre o que foste E o que serás A meus olhos Já húmidos De tanto fixar Os teus espelhos De água (Azul marinho) Em busca De uma poética Da salvação Quando me afundo Na memória Com que ainda Te tenho E te canto! DENTRO DE MIM Há, como sabes, Um fogo intenso Que me consome, Mas que só arde Por fora Porque espelhos Líquidos Me devolvem a chama De través Para não petrificar Como lava De um vulcão Aceso Que me fascine E atraia Como se fosse Borboleta... ÉS TEMPO E já não te alcanço Neste balancear Incerto Onde me gasto Em poemas Para não ficar Prisioneiro Do passado Nem de um futuro Que se anuncie Rápido a Devorar-me O presente. QUEM ÉS TU, AFINAL?