AS PALAVRAS SÃO OÁSIS…
Poema de João de Almeida Santos. Ilustração: “Oásis”. Original de minha autoria para este poema. Dezembro de 2019.

“Oásis”. Jas. 12-2019
POEMA – “AS PALAVRAS SÃO OÁSIS…”
PORQUE NÃO TE DÁS Um pouco, Meu amor? A minha Sede de ti É tão grande Como a dor Do dia Em que, no fim, Te perdi. PENSA NO DESERTO E no oásis Que o suspende De tão longo E árido ser O caminhar Sobre areia Escaldante Na procura Infindável De te alcançar Como amante... OS MEUS LÁBIOS, Áridos de ti, Não se saciam Com uma gota De água Ou o aflorar Da seiva Exausta Do meu caule, Gasto de tanto Te esperar... ................. Mas quando falam (O pouco que te Falam) Humedecem, Porque as palavras Pousam neles, São oásis Verdejantes No imenso deserto De um amor Em longa Despedida... E QUANDO CHEGO Ao fim, À última estrofe Do teu poema, Já sei Que tenho de retomar O arenoso caminho Do canto Em solidão... OS OÁSIS São parte do deserto Que atravessamos Na nossa vida, São bátegas Que banham A alma ressequida De tanto Clamar por uma Saída Nesse mar de areia Em que o viver Se tornou. MAS TU Nem gotículas Me dás Quando clamo Por ti Na miragem Do deserto... O QUE TALVEZ Não saibas (Ou sabes Em demasia?) É que a vida É mais Deserto do que Oásis, Mais areia do que Gotículas Que brilham Ao sol ardente... ................. E que os lagos E as fontes Onde refrescamos A alma São pura Alucinação Que nos deixa Mais entregues Ao silêncio... ................... E à fria solidão. AH, QUE FALTA SINTO Da tua fonte A jorrar Cores vivas Sobre mim, Das bebedeiras De palavras Sobre ti, Da densa neblina No deserto A coar o sol que Me bate no peito Onde mais te sinto. IMAGINO-TE, ENTÃO, Como meu oásis, Chuva no deserto Sobre esta minha pele Seca e encrespada... ..................... Mas bem sei Que não passa de Alucinação! PORQUE HÃO-DE SER ASSIM As nossas vidas, Sem gotículas Que banhem O nosso corpo Por falta de alma Que as acolha? O QUE ME SALVA, Meu amor, É este oásis Verdejante Que construí Como palco Para te cantar Ao entardecer Da nossa melancolia...

“Oásis”. Detalhe.