A FESTA DA MÚSICA
Poema de João de Almeida Santos. Ilustração: “Doce Ciúme”. Original de minha autoria. Março de 2022.

“Doce Ciúme”. Jas. 03.2022
POEMA – A FESTA DA MÚSICA
CERTOS DIAS, Quando a música Me atrai (Irresistível Pulsão), Entro em alvoroço E até sinto Alguma dor, Doce ciúme De amor, Quase rebelião Pelo silêncio Que faz eco A meus versos Diletantes, A solitária Paixão. DOCE CIÚME Do turbilhão Interior Que seu ritmo Produz, Dos arrepios Que faz E do veludo De alma Que a música Me traz. CANTA-SE Do lado de lá, Sinto Calor intenso, Ovações, Danças Extenuantes E expressivos Sinais, Corpos Em êxtase De tão intenso Prazer Em festivos Rituais. É FESTA, SIM, E é baile, É um tremor Corporal Que me liberta A alma Deste mundo Tão banal. É LIBERDADE Em forma de Emoção, É rito, É vibração, Ondas Que me projectam No ar E transportam O meu corpo Para, feliz, Levitar. É LIBAÇÃO, Bebida Contagiante, Bebedeira Sensual, É, como apelo De amante, Um poema Corporal. MAS EU SÓ SINTO Silêncio Do lado de cá Dos meus versos, É ausência Permanente E sem recurso, Melodia Do silêncio Em poético Discurso. INTERPELO Não sei quem No poético Instante, Sabendo que Há alguém Que não ouve E que não sente Este canto Diletante. DOU COR Às minhas palavras E ponho-me Sempre a pintar Pra que as ouçam Com alma, Mas também Com o olhar. QUAL QUÊ? (Penso eu) É só fantasia A fervilhar De emoção No silêncio De um recanto Como se fosse Oração Que redime De uma vida Devorada Com paixão. SINTO CIÚME, Quase inveja, De uma festa Onde o corpo Vibra, Onde a palavra É som Que me convida A dançar E segreda Ao ouvido O que ele Traga consigo Para me arrebatar. MAS SOFRO De melancolia Do lado de cá Dos meus versos, Vejo danças, Vejo corpos Aquecidos Ao som De uma guitarra, Ouço o timbre De uma voz Que me prende Os sentidos, Ouço ecos lá Ao longe, Na memória Já perdidos... .............. E recolho-me Em solidão Para compor Com palavras Meu silêncio Pontuado Nos versos De uma canção.

“Doce Ciúme”. Detalhe