CANTA, POETA, CANTA
Poema de João de Almeida Santos Ilustração: “Perfil de um Poeta” Original de minha autoria Março de 2022

“Perfil de um Poeta”. Jas. 03-2022
POEMA – “CANTA, POETA, CANTA”
“Ora al nuovo sole si affidano i nuovi germogli” Virgílio.
CANTA, POETA, CANTA Até que a musa Te ouça, Nem que a palavra Te doa E a alma Estremeça. CANTA, POETA, CANTA Que o teu poema Tem dor Que te baste, Mas tem cor Que alumia E tem sabor A cerejas, Que as dá A Primavera. SE NO CANTAR Tu quiseres Atingir o infinito, Agarra No teu pincel, Salta pra cima Dum risco, Dá-te asas De azul E voa Nesse teu céu Até que a musa Te veja, Te pinte Numa cereja E murmure O teu nome Quando se tinge De cor. CANTA, POETA, CANTA Que o teu cantar Te embala Como água Cristalina Que corre Lesta No rio Que nasce Dentro de ti. CANTA, POETA, CANTA Que contigo Cantarei A alvorada Do dia, Se chorares, Eu chorarei, Por não sentir Alegria, Se sorrires, Eu pintarei As cores Do teu sorriso E para ti Dançarei Uma valsa De Strauss Às portas Do Paraíso. CANTA, POETA, CANTA, Para ti E para o mundo Que o teu cantar Enobrece Quem ouvir A tua prece, Quem sentir O teu lamento Que, de ser Já tão profundo, Não o leva Nem o vento Pois ele em ti Entardece. E SE O VENTO O levar Vai procurá-la A ela, Voa lento Sobre a rua E pousa No parapeito Da sua bela Janela. CANTA, POETA, CANTA, Que um dia Há-de ouvir, Deixa que o Tempo passe E a razão Se esclareça, Confia, pois, No porvir Sem que teu estro Esmoreça. NÃO CHORES, POETA, Não, Neste teu Entardecer, Tens arte Na tua alma, Inspiração a crescer E mesmo que Não te ouça É um modo De a ter.