SEM REMÉDIO
Poema de João de Almeida Santos. Ilustração: “Afrodite”. Original de minha autoria. Julho de 2022.

“Afrodite”. Jas. 07-2022
POEMA – “SEM REMÉDIO”
“VOU TOMAR OS MEUS REMÉDIOS...” .............. Palavras De antigamente Que ela gostava De usar Quando se via Doente Com maleitas Que não tinha, Em que não acreditava, Mas que a ele Muito doíam Sempre que delas Falava. NÃO ERAM SUAS As maleitas Que exibia, Fingindo ser Alma gémea De quem com elas Sofria. ENTRE UMA COISA E OUTRA Era assim Que ele a via, Aprendera A sofrê-la, Lentamente, Cada dia, Como se as dores Fossem dele Num jogo De aparência Com sabor A fantasia, Porque assim era Feliz, Regressava À inocência Quando nela Se perdia. INOCÊNCIA Que perdera Um dia na sua vida, Vira a ternura Morrer Num olhar De despedida. PRECONCEITO E submissão Mataram O que nascia, Transformando Em solidão A beleza De um dia. SOLIDÃO TRISTE, Quase eterna, Que nunca mais O largou, Sem remédios Para ela Quase, quase Sufocou... CAMINHA AGORA EM TRISTEZA Com passo lento E pesado, Transportando O mundo às costas Como fardo De pecado, Mas tenta sempre Vencê-la Com as palavras Que tem, Versos, rimas, Sons e letras Que o vento leva Consigo... ............. Para a terra De ninguém. NÃO PODE Nem quer dizê-la Essa dor Que o devora, Prefere, pois, Combatê-la Com as palavras De outrora... "VOU TOMAR OS MEUS REMÉDIOS..." Saudades de a Ouvir, Vontade De a encontrar Pra nunca mais A perder, Contemplar Seus olhos Negros, Ser feliz Só de a ver, De a ter Por companhia Nem que seja Em aguarela Que pinte Em cada dia. BOCA, OLHOS, CABELOS, Esse rosto que Não esquece, Imagem De uma mulher Que, ausente, O entristece Até ao fundo Da alma... ....... Solidão, Melancolia, Dessa dor Ninguém o salva, Vai sofrê-la Noite e dia. ERA ASSIM QUE A SENTIA, Esse alguém que O não amou E que sempre Lhe fugia Embora fingisse Que não Por saber Que lhe doía. MAS FOI ELE Que lhe mentiu Quando lhe disse Em vão Que já não queria Vê-la, Não a ter ali Por perto, Estar sempre longe Dela, Coração A descoberto, Não lhe ficar Amarrado, Inventando Outra mulher Com quem ir A todo o lado. MAS ERA FOGO De vista, Vontade De a esquecer, Divagava Em palavras Pra deixar De a sofrer. A OUTRA NÃO A sentia, Era coisa De momento, Sem grande Profundidade... .............. O que mais ele Queria dela Era só Cumplicidade. MAS ERA FUGAZ Momento, Depressa ela O cercava, Capturando-lhe O alento Sempre que a Encontrava. E FICAVA SUBMISSO, Vergado Ao que dizia, Nela só via Verdade Mesmo quando Lhe mentia. "VOU TOMAR OS MEUS REMÉDIOS”, Era a sua Melodia E ele ficava Dorido Com maleitas Que não via, Mas até disso Gostava, Era prazer Negativo Sentir-se Tão perto dela Mesmo sem haver Motivo. “VOU TOMAR OS MEUS REMÉDIOS...” E ele não se Importava Porque a sentia Doente Mesmo quando Não estava. E ASSIM Ia vivendo, Sofrendo Em cada dia. Não sabia O que fazer... .............. Só sabia O que sentia.
Poema lindo retratando um amor sofrido e perdido.