O BEIJO
Poema de João De Almeida Santos. Ilustração: "O Beijo". Original de minha autoria para este poema. Dia Internacional do Beijo - - Seis de Julho, dia que celebro, com um poema, todos os anos. Inspirado em "Lotte in Weimar" (1939), de "Thomas Mann, a obra que continuou "Werther" (1774), de Goethe, e no meu romance "Via dei Portoghesi".

“O Beijo”. JAS. 07-2022
LEITMOTIV “O amor é o melhor na vida, assim, no amor, o melhor é o beijo – Poesia do amor...”. “Beijo é alegria, procriação é luxúria” Thomas Mann
Inspirado também em:
“Os beijos escritos não chegam ao destino, mas são bebidos pelos fantasmas ao longo do trajecto” Kafka
“Se para te beijar devesse, depois, ir para o inferno, fá-lo-ia. Assim, poderia vangloriar-me, com os diabos, de ter visto o paraíso sem nunca lá ter entrado” Shakespeare
“O primeiro beijo não é dado com a boca, mas com os olhos” Bernhardt
POEMA – O BEIJO
BEIJO FOI O que nunca Te dei A não ser Com o olhar, O primeiro, Esse beijo, Dei-to, pois, Sem te tocar. E DEI-TE MAIS, Com palavras, Quando olhar Já não podia... ............ Foste embora Para longe E eu, triste, Não te via. FORAM BEIJOS Que sonhei Na rotina Dos meus dias E desejos Que enfrentei Quando tu mais Me fugias. MAS DOU-TE BEIJOS Escritos Que se perdem No caminho E se o poema Me falta Fico ainda mais Sozinho. O BEIJO É emoção, É razão Descontrolada, Se não for dado A tempo Pouco mais Será que nada. SEM BEIJO Não há amor, Sem amor Perde-se o beijo, A vida perde Sentido Se me faltar O desejo De na alma Te beijar Por assim te ter Perdido. AQUI O LANÇO Ao vento Pra que atinja Como brisa E suave melodia Esse rosto Que precisa De afecto Em poesia. ESSE BEIJO Que me falta, De que nunca Fui capaz, Voa pra ti Em palavras Na sua forma Mais pura Para que Em seu trajecto Voe, voe A grande altura... ............. Que fantasmas Não o bebam Enquanto Seu voo dura. MAS SEI Dos escolhos Da via, Dos perigos Que ele corre, Capturado Por fantasmas É mensagem Que me morre. NO DIA DO BEIJO É hora De te cantar Em voz alta A poética do amor Pra me redimir Dessa falta Com palavras De poeta Desenhadas Para ti Com mestria De pintor. E PORQUE O DIA É teu Ganha força, Intensidade, Mesmo que fantasmas O bebam É um beijo De verdade. O BEIJO Que não te dei Foi pecado Original, Hei-de sofrê-lo Pra sempre Como chaga Corporal. NÃO HÁ PALAVRAS Que bastem Pra repor O que não dei, Elas voam, Mas não chegam, E mesmo assim Eu tentei. É CERTO QUE SEMPRE O quis, Só que nunca To roubei, A culpa foi Desse tempo, Dos dias em que Te amei, Um tempo Em diferido Sem presente Nem futuro, Talvez beijo Sem sentido Porque queria Do mais puro, Tangendo eternidade Às portas Do Paraíso, Um beijo De divindade, Mas simples Como um sorriso. ESSE BEIJO Impossível Que não é do Foro humano Vou tentando Construí-lo Cada dia, Cada ano, Perdendo-me Pelo caminho Como sagrado Em profano.