POEMA PARA UM ROSTO
Poema de João de Almeida Santos. Ilustração: “S/Título”. Original de minha autoria. Janeiro de 2023.

“S/Título”. JAS. 01-2023
POEMA – “POEMA PARA UM ROSTO”
ESTÁ LÍVIDO O teu rosto, Será sinal De pecado? É alvura Inocente, É espanto, É súplica Penitente Esse olhar Que me acende A alma E me faz sentir A teu lado? É SANGUE, É vinho Consagrado Esse rio Que desliza E te enlaça, Volúpia Ardente, Que abraça, Intensa Torrente De púrpura Sobre teus Cabelos de seda? AH, FORAM Estas mãos Lascivas Que te pintaram Como pecado De porcelana, Em brancura Irreal, Alma tingida De cal E em fuga Desta vida Para um mundo Venal Onde te sentes Perdida. PORQUÊ ESSE Sangue Ou vinho Mosto, Doce e quente, Espesso Como libido Ardente A brotar Da tua alma? ASSIM, SENTES-TE Gueixa Lá dentro De ti, Na cidade Proibida, Desde que eu Te perdi, Ao torno da arte Recriada Como imagem Em fina Porcelana Moldada. INVENTÁMOS, Eu e tu, Em tempos D’epifania, Esse perfil Em que te vias Na cidade Proibida, Eco do meu Secreto desejo De te ter, Nua, despida. PECADO Em porcelana, A lividez De quem ama E sublima Quando a divina Beleza É rasgada Por intensa Volúpia carnal. MAS É BARRO, Frágil Como o amor, Como tudo O que vive Envolto Pelo manto Diáfano Do pudor. É PÚRPURA Essa alma Inquieta E incerta Que aflora, Intensa, Como desafio, Na tua boca Sensual... MAS AGORA Imagino-te Já liberta Desse rosto De porcelana, Alma quente, Corpo fremente, Magia Que brota, Insistente, Desta minha Fantasia. E VEJO-TE A fumar, Lânguida, Com esse bâton Já gasto A transbordar De teus lábios Carnudos, Ao rubro, Em insinuante Preguiça De abandono, Pronta Para te dares Com o corpo, Não a mim, Mas ao olhar Mágico Que recria Milagres íntimos Sobre a tua alma Tão incerta E fugidia. ENTÃO QUEBRO Em mil pedaços Essa porcelana E recrio a beleza Singela De um rosto Que me sorri Sempre que O acaricio Com as palavras Dos poemas Com que te vou Celebrando Nos dias incertos Da minha vida.