OCASO
Poema de João de Almeida Santos. Ilustração: “Rasto de Luz”. Original de minha autoria. Fevereiro de 2023.

“Rasto de Luz”. JAS. 02-2023
POEMA – “OCASO”
CAMINHAVA SÓ No paredão E sentei-me, À tardinha, A olhar A solidão, O oceano E o sol Lá ao fundo A brilhar Sobre a linha Do horizonte, Em tempo de Baixa-mar. O SOL CRIARA Um caminho De luz, Mar fora, A entrar P'los olhos Dentro Nessa já Tardia hora. E CONVIDAVA-ME A segui-lo Com o olhar Em gesto De despedida. Era hora De sol-posto, Era hora De partida. A LUZ INTENSA Do sol, Longo rasto Luminoso, Incendiava O olhar De tão forte Ser a luz A refractar-se No mar. FIXEI Esse caminho E ouvi Da sua água Um suave Marulhar, Murmúrio Terno Das ondas, Melodia Luminosa Criada Para embalar. ERGUI DE NOVO O olhar Para o sol Que s’esvaía, Respirei E voltei A respirar Uma intensa Maresia. RUA DE LUZ Marinha A levar-me Ao horizonte Por círculo De fogo Aceso Em urgente Despedida, Ocaso Que anuncia Noites Passadas De sonho, Estranhas Formas De vida. ASSIM ME PARECE Ter sido A história breve Que contigo Eu vivi, A mesma faixa De luz, O mesmo círculo De fogo Que o horizonte Engoliu, O serpenteio De corpos No luminoso Caminho Que a ti Me conduziu... ATÉ QUE O SOL Se pôs Pra regressar De manhã, Metáfora Luminosa Do nosso encontro Fugaz Já tão perdido No tempo, Esse tempo Tão voraz. E O SOL Lá regressou, Mas vinha De outro lado, Sem suave Marulhar, Sem ondas Pra navegar Nesse brilho Ondulante Que um dia Me encantou A lembrar-me O teu mar, Esse ondear Cativante.