O PAVÃO
Poema de João de Almeida Santos.
Ilustração: “Azul no Parque”. Original de minha
autoria para este poema. 25 de Novembro de 2018.
POEMA – “O PAVÃO”
FUI AO PARQUE
Do Mar’chal,
Logo ao amanhecer,
Num triste dia
D’outono,
À procura do pavão...
...........................
Eram muitas as saudades
Pois passara mais
De um verão!
ENCONTREI-O
Por ali,
Sozinho,
Também triste
Como eu
(Ou talvez não),
E vi nele,
Ao caminhar,
As cores fortes
Desta minha
Solidão...
PORQUE É
Tão belo
O meu pavão?
Porque se exibe
E me seduz,
Me enche
A alma e o olhar
De tanta cor,
De tanta luz?
Talvez não,
Pois esse seu
Porte austero
Estranha
A minha alma
E gela-me
A emoção!
MAS SEGUI-O,
Nesse dia,
Parque fora
No silêncio
Luminoso
Da manhã...
.......................
Folhas caídas
No chão
Acolhiam
O nostálgico
Passeio
De um poeta
E um pavão...
NESSE JARDIM
Do encontro
A beleza
Despontava
Em seu ritmo
Natural...
..................
Passos lentos
E cuidados,
Pose austera,
Altivez,
Um singelo
Ritual!
CAMINHEI COM ELE
Horas a fio,
Lado a lado,
Sem destino,
Revendo
As cores que
Um dia
Te emprestou
Num jogo
De sedução
Que à arte
Te levou
Como torrente
Sensível
Ou lava
De um vulcão!
JÁ NO ALTO
De um muro,
Oráculo,
Arte pura,
Aparição,
Perguntei-lhe
Qual a cor
Da tua alma
E ele mostrou-me
(E com razão)
Esse azul
Tão luminoso
Onde sempre
Se esfumam
Os traços
Da tua mão...
...................
E logo,
E por encanto,
Eu vi
Espelhado
O teu rosto
Nas cores vivas
Do pavão!