O BRINCO
Poema de João de Almeida Santos.
Ilustração: “Brinco de pérolas e cristais”.
Original de minha autoria para este poema.
Julho de 2019.

“Brinco de pérolas e cristais”. Jas. 07-2019
POEMA – “O BRINCO”
VI-TE TRISTE
Naquele dia,
Rosto quieto,
Melancolia,
Olhar
Perdido,
Levemente
Embaciado...
NÃO SEI...
Era versátil
O teu rosto,
Bebia cores
Que se aninhavam
Na pele macia
Que a luz
Interpelava
(Cada dia)
Como pincel
Sobre tela
De veludo
(E bem se via).
TEUS OLHOS
TRISTES
Respondiam
Em metamorfoses
De brilho,
Ecos
Da natureza,
Raios de luz...
E MEUS OLHOS,
Seu espelho,
Devolviam-lhes
Cor incerta,
Reflexo
De alma
A vaguear
Pelas mil
Dobras
Da vida,
À procura
De destinos
Em gestação...
..............
Aconchego
De alma
Itinerante!
GANHARA VIDA
Esse brinco!
Desprendera-se
De um rosto
Que o pintor
Esculpira
Com as cores
Do desejo
Cristalizado
Pelo silêncio
Frio
Da tela.
ESTAVAS TRISTE
Nesse dia,
Sulcos marcados,
Peso na alma,
Sinais selados…
POUSARA EM TI
Esse brinco
Como sinal
Cravejado
De cristais,
Vindo de um longo
Silêncio,
Quase Irreal,
Agora resgatado
Com diamantes
Em mulher
Madura,
Olhar fatal...
CRISTAIS
Sobre mim...
...............
Código exposto,
Encontro
Casual,
Silêncio
Resgatado
Com brinco
Sensual
Em rosto
Pela tristeza
Toldado...
ÉRAMOS DOIS
E o brinco
De cristais
Que em ti
Renasciam
Como sinais...
QUIS DESENHAR-TE
Num poema...
........
Olhei,
Marquei,
Tracei,
Era pintor
De metáforas
Com palavras
Roubadas
Ao silêncio...
ERA OUSADA,
Bem sei,
A poética
Que te compunha
Como breve,
Mas intensa
Sinfonia...
AH, MULHER,
Como te sonhei
Nesse dia!
UM
Dois,
Três,
Regressei
De vez
À rapariga
Do brinco
Original
Em mulher
Madura
E essas pérolas
Irreais
Eram pêndulo
Do tempo
Resgatado...
............
Tic, tac,
Tic, tac,
.............
A marcar
O ritmo
De uma valsa
Lenta
Para dentro
De ti,
Um sonho
Escrito
Com as palavras
Do desejo...
A CADA COMPASSO
Era mais belo
Esse brinco,
Brilhava
Como pérola
Em coral
De águas
Profundas,
Alegoria
Seminal
Que iluminava
Tua alma triste
E o perfil
De teu corpo
Humedecido e
Abandonado
Às mãos
Livres
Do poeta...
HAVIA PÉROLAS...
.................
E acariciavam,
Ondulantes,
A sensualidade
Aveludada
De teu rosto
Sobre mim...
PENDULAR,
Esse brinco
Ecoava
No tempo
E renascia
Em ti...
...........
Tic, tac,
Tic, tac,
............
Em ritmo
Vital
E ofegante
Como se fosse
Estrofe
Oscilante
(Tic, tac)
Do breve
Poema
De tua vida!

“Brinco de pérolas e cristais”. Detalhe.