CATEDRAL
Poema de João de Almeida Santos. Ilustração: “Tempo”. Original de minha autoria sobre foto de Giovanna Bellelli, em Roma. Poema inspirado no Romance “Via dei Portoghesi” (Parsifal, 2019). Agosto de 2019.

“Tempo” – Jas. 08-2019.
POEMA – “CATEDRAL”
VIAJÁMOS NO TEMPO Até à cidade. Encontrei-te Por ali. Nada mudara. Rosto sereno, Inocente, Como quem Sempre sorri. FOMOS AO TEMPLO Da rua Da minha vida, À cúpula Da catedral. Não te abracei Nessa noite, Era sagrado O lugar, Seria abraço Fatal. MAS FICOU-ME O prazer De te ter Ali ao lado, A sonhar Nesse meu leito O beijo Que não trocámos Numa noite De luar, Quando o amor É mais quente E o corpo Desnudado Por tanto a alma Brilhar. FOMOS À PRAÇA NAVONA, Escutámos As águas da fonte E os traços Do Bernini, Da beleza Horizonte, Íntimos, Em sintonia, Antevendo um futuro Que nunca mais Chegaria... ATÉ QUE ME PROCURASTE Nessa fita Da memória, A noite Perdida de afectos Na cúpula da catedral, Corpos tensos Sem palavras Na fronteira Do amor. TORNOU-SE MAIS VIVO O que não aconteceu Como se fosse Futuro Que afinal No teu passado Ainda não se Perdeu. E CÁ ESTAMOS DE NOVO À procura Dessa noite, Do beijo Que não te dei, Passado virou Futuro E do tempo Dessa Igreja Já nem sei O que farei. TALVEZ FAÇA UM POEMA Para te reencontrar, Cantar esse Sorriso De que sempre Eu gostei, Voar no tempo Em espaço sideral E em noite de luar Pousar de novo Contigo Na cúpula Da catedral....

“Tempo” – Detalhe.