COLISÃO
Poema de João de Almeida Santos.
Ilustração: “Meteorito”.
Original de minha autoria
para este poema. Setembro de 2019.

Meteorito. Jas. 09-2019.
“Dentro de los meteoritos y sus metales
extraños se leen
las historias de otros mundos”
(El País, 07.09.19)
POEMA – “COLISÃO”
CAÍSTE EM MIM Como meteorito, Embate espectral No meu chão, Abriste Sulco profundo No meu corpo, Mas não doeu Essa abrupta Aparição... A VELOCIDADE Cegou-me (É sempre assim), Clarão, Ondas, Vibrações Abanaram-me A alma, Raízes Estremeceram Lá mais no fundo De mim. PROCUREI-TE Nessa cratera Cavada na minha Alma E passada A tempestade Vi fragmentos De ti, Minerais Pra lapidar Como dunas Desenhadas Pelo vento Aqui bem perto Do mar. NESSA FENDA Tão profunda Encontrei Um brilho Estranho Que me pôs A levitar, Sol frio Como metal, Gelo cortante A cair Na linha Do meu olhar... NUNCA MAIS DE LÁ SAÍ... ............ E com mãos De alma pura Peguei Subitamente Em ti... .......... Escaldavas De tanto brilho Exalar E caíste-me No chão, Trémulo De tão inquieta Incerteza, Calor Fervente No peito, Mistério De uma estranha Beleza Que renasce Na cratera De um vulcão... FIZ DE TI Minha bola De cristal, Li nela A história de um Encanto Que trespassou Como raio Uma fronteira Vital. E AQUI ESTÁS Em tão sofrida Distância, Estranhos Perante nós Como quis o Meu destino E os astros Do teu chão Na fronteira Do divino. MAS NÃO PERDESTE Magia, Meteorito Em quietude, Íman Silencioso Que me atrai Suavemente Como oráculo De um destino Sempre em lenta Gestação. LEIO-ME A ALMA Na superfície Dourada De teu corpo Incandescente Qu'ilumina A emoção, Me consome E me domina Nesta tensa Relação. ÉS RASTO CÓSMICO, Atracção fatal Que me suspende A vida Pra me fazer Levitar, Tornando Meus tristes Dias Uma paisagem Lunar. AH, SIM, Mas és razão De arte Nesta vida Que inventei, Encantamento, Fonte seminal Onde bebo E me embriago D'emoção Até te ter Um momento Nas palavras De um poema De quimérica Paixão.

Meteorito. Detalhe.