NÃO ME OUVES…
Poema de João de Almeida Santos. Ilustração: “Voar”. Original de minha autoria para este poema. Novembro de 2019.

“Voar”. Jas. 11-2019
O POEMA – “NÃO ME OUVES…”
NÃO ME OUVES, Perdida Que andas Nas tuas rotinas, Na vertigem De cada teu Amanhecer Como se a arte Pudesse, assim, Acontecer... NÃO HÁ CRIAÇÃO SEM LIBERDADE, Aquela que Construímos Sobre as ruínas Do nosso próprio Viver... A PROCURA DE ETERNIDADE, A chegada à galeria Dos imortais Só acontece Quando das ruínas Se eleva Um silêncio Que te fala Em surdina... ............. E nada mais! MAS GOSTAS De te pôr Fora do mundo (Eu bem sei) Observá-lo, Tomá-lo Nas tuas mãos Como brinquedo Em construção, Estética virtuosa, Minúcia de De artesão... MAS É FRÁGIL A utopia, Que o mundo só Se deixa possuir Pela dor, Pela liberdade Em ferida aberta, Por intensa Melancolia Ou vida sofrida E incerta... CAIR NO MUNDO, Tropeçar nele, Molhar as asas Da alma, Caminhando Pelas ruas da Cidade Como silhueta Em dias de Densa Neblina ou De chuva Tropical, Sem saber Pra onde ir, Perdida Em intenso Vendaval... ............ Oh, então, Gela-te A alma E sentes-te Profundamente Mortal... INUNDA-TE De chuva Por dentro E elevar-te-ás, Um dia, Para além da tua Janela De persianas Coloridas, Possuirás o mundo Com essas mãos Que afagam As cores do Arco-íris No vale Em que habitas, Depois da tempestade... A ARTE É liberdade, É subir pelas Sete cores acima E voar Para a montanha À procura Do infinito Sideral, Do tempo À medida do Desejo... AH, COMO GOSTARIA De te emprestar As minhas asas Com cicatrizes Da vida Para voares Mais alto Que o azul Do céu Onde pudesses Levitar Sobre um poema Sem risco De te perderes... .................. Mas tu não me ouves, Meu amor!

“Voar”. Detalhe.