NÃO DOBRES A ESQUINA…
Poema de João de Almeida Santos. Ilustração: “Variações”. Original de minha autoria. Dezembro de 2019.

“Variações”. Jas. 12-2019
POEMA – “NÃO DOBRES A ESQUINA…”
AH, ACREDITA, Já nem sei Quantos fazes... ................ A ti conto-te E canto-te Ao minuto De tão rápido ser O dobrar da Esquina, O regresso Fatal Ao lugar De onde nunca Sais, Desde menina... UM DIA DISSE (Lembras-te?): “ - Esquece a infância, Pára e ouve O silêncio Que espreita Para te desvendar O mistério da Vida! Dir-te-á: Nunca regresses Ao sítio onde já Não estás.” MAS TU NUNCA PÁRAS, Na louca correria Para fora de ti (Os lugares do costume) Em busca do Esquecimento Reparador... E EU A OLHAR Para o tempo Quando o tempo Já é pouco E a saber que Te hei-de sempre Reinventar Com os fios Soltos Da memória... MAS O DIA Em que renovas O contrato Contigo mesma Representa (Acredita) Um recomeço Para o reencontro Com o silêncio... .................. E, uma vez mais, Ele acaba Esquecido Nos aplausos Vibrantes E calorosos Com que todos Te celebram... ............. Por fora! ACORDA, Meu amor, Porque o silêncio Quer falar-te De celebração Da alma, Da tua relação Íntima com o Mundo, Antes da queda Na rotina Dos enganos! DESPERTA, Que o passado Se escreve a partir Do futuro Que antecipas Cada ano Quando renasces A caminho da Última fronteira... PORQUE HÁ, SIM, Um derradeiro Espelho vital Onde revemos O passado Que construímos Sobre as ruínas Do presente... ............ Sabias? AH, SIM, Mesmo que não saibas, No dia da celebração O silêncio Espera-te sempre À esquina Das tuas ruínas Na mais profunda Solidão... NÃO DOBRES, Em fuga, Essa esquina. Escuta-o, nesse dia. Talvez seja A tua salvação...

Variações. Detalhe.