“O POETA-PINTOR”
Poema de João de Almeida Santos. Ilustração: “Amanhecer”. Original de minha autoria para este poema. Dezembro de 2019.

“Amanhecer”. Jas. 12-2019.
POEMA – “O POETA-PINTOR”
O POETA BRINCAVA Com suas palavras, Cantava-te sempre Quando não estavas... ERA UM POETA, Era fingidor, Não te desenhava, Cantava-te A cor. E AS SUAS CORES Eram só poemas, Fazia pincel Da sua caneta, Enquanto poeta As letras riscava, Mas a sua tinta Já não era preta... ................ Escolheu a cor, Pintou a palavra. POR ISSO COMPROU Um belo pincel E como pintor Pintava, pintava, Era a granel E a sua tela Que ele adorava Já não era só O velho papel. DESCOBRIU A COR, Que o fascinou: Dourado, vermelho E tanto amarelo. Tudo ele pintou, Procurando sempre O que era belo. ATÉ QUE O ENCONTROU Na cor dos Teus olhos, Era luz da pura Que iluminava O novo papel Onde desenhou O teu fino rosto Com o seu pincel. DEU CORPO À COR Com que te dizia, As suas palavras Tornaram-se riscos... ...................... Mais que poesia. PINTAVA-TE ASSIM. Os poemas Já não lhe chegavam, Pintor de palavras De cor as compunha E versos voavam No azul do céu... ..................... “E o que tu fazias Faço agora eu”, Dissera-te um dia, “Porque sou poeta Mas também pintor. Deixaste-me só, Entregue à palavra E, eu, Tão pobre de ti, Pintei-me de dor". "MAS EU FAÇO DELA O meu arco-íris Pra subir ao céu A ver se t’encontro Atrás duma cor Pintando o teu rosto Para um poema Que vou escrever Com todas as cores Que trago comigo Enquanto viver”. O POETA BRINCAVA Mas era tão séria Essa brincadeira! Perdido em palavras, Encontrou a cor E nos seus poemas Dela fez bandeira.

“Amanhecer”. Detalhe.
Muito bom. O papel da pintura e da escrita como veículos para a expressão dos sentimentos e dos sentidos.