O POETA QUE SE FEZ PINTOR
Poema de João de Almeida Santos. Ilustração: “Evocação de um Arbusto em Flor”. Original de minha autoria. Novembro de 2020.

“Evocação de um arbusto em Flor”. Jas. 11-2020.
POEMA – “O POETA QUE SE FEZ PINTOR”
O POETA BRINCAVA Com suas palavras, Cantava o amor Porque a desejava... ERA UM POETA, Era fingidor, Não a desenhava, Cantava-lhe A cor. SUAS CORES Eram palavras, Fazia pincel Da sua caneta, O poeta riscava, Mas a sua tinta Já não era preta. POR ISSO COMPROU Um belo pincel E pintava, Pintava... ............. Era a granel... .............. E a sua tela Deixou de ser O velho papel. DESCOBRIU A COR, Que o fascinou: Azul, vermelho E tanto amarelo... ................. Tudo ele pintou, Procurando sempre O que era belo. ATÉ QUE O ENCONTROU Na cor dos seus Olhos, Era luz da pura Que iluminava O novo papel Onde desenhou O seu fino rosto Com o seu pincel. DESCOBRIU AS CORES Com que a dizia, As suas palavras Tornaram-se riscos... .................... Mais que poesia. PINTAVA ASSIM E os seus poemas Já não lhe chegavam, Pintor de palavras, De cor as compunha E versos voavam No azul do céu... ................... “E o que tu fazias Faço agora eu (Dissera-lhe um dia), Porque sou poeta Mas também pintor". "DEIXASTE-ME SÓ, Entregue à palavra, E eu, Tão pobre de ti, Pintei-me de dor". "MAS EU FAÇO DELA O meu arco-íris Pra subir ao céu A ver se t’encontro Atrás duma cor Pintando o teu rosto Para um poema Que vou escrever Com todas as cores Que trago comigo Enquanto viver”. O POETA BRINCAVA Mas era séria Essa brincadeira, Perdido em palavras Encontrou a cor E nos seus poemas Dela fez bandeira...

“Evocação de um Arbusto em Flor”. Detalhe.