O JARDINEIRO
Poema de João de Almeida Santos.
Ilustração: “Alquimia”.
Original de minha autoria
para este poema. Novembro de 2020.

“Alquimia”. Jas. 11-2020.
POEMA – “O JARDINEIRO”
TORNEI-ME BOM
Jardineiro,
Troquei letras
Por flores,
Uma Rosa vale um
Verso,
A Camélia
Mil amores,
Um poema
O universo.
QUANTO VALE
Amor-Perfeito?
Fixo-me nele,
Encantado,
Meus versos
Tornam-se cores
E aquecem-me
O peito...
................
Ponho a tristeza
De lado.
PALAVRAS
Coloridas
Amaciam-me
A alma
Quando ela fica
Em ferida,
São bálsamo
Que me refresca
E exalta
A minha vida.
POR ISSO VOU
Ao jardim
Cobrir-me de
Mil flores,
Nascem versos
Para mim
Com palavras
Que são cores.
OLHO-AS
Com atenção,
Fixo-as
Com o olhar,
Toco-as
Com a mão,
Fico ali
A pensar
No que acontece
Com elas
Em seu lento
Germinar.
NADA MAIS
Quero saber,
Só das cores
Do meu jardim
Que curam
Da alma
A dor,
O que mais
Me faz sofrer,
Ver-te
Tão longe, assim,
Saber
Que te estou
A perder...
MAS ESSAS FLORES
Não duram,
É mortal a natureza,
Elas perdem-se
No tempo
E só me resta
A saudade...
...............
Vem ter comigo
A tristeza.
NÃO APAGAM
Este triste
Entardecer,
Mas pego-as
Com esta mão
Pra suas cores
Eu beber
À procura de
Evasão.
NAS FLORES
Há doce seiva,
Alimento
Da beleza,
Nas palavras
Mil perfis,
Quieta, a natureza,
Em cada folha
Um matiz
E até é bela
A tristeza
Quando olhas
E sorris.
UM SORRISO NATURAL
Como pétala
De flor,
Uma palavra,
Sinal,
Pérola
Que sempre brilhe
No meu jardim
De cristal.
REGULAR
É o seu tempo,
Um ritmo
Mais do que certo,
Tudo nasce
E tudo morre
Sob o céu
A descoberto.
MAS RENASCE
Sempre um dia
Pra dizer
“Aqui estou”,
Natureza é alquimia
Que me diz
Pra onde vou.
POR ISSO SOU
Jardineiro,
Com flores
Aprendo sempre,
Leio-te a alma
No jardim,
Pois natureza
Não mente.
TROCO LETRAS
Por flores
Mas às palavras
Dou rima,
No jardim
Nascem amores
Porque a beleza
Aproxima.

“Alquimia”. Detalhe.