O POETA E O VENDAVAL
Poema de João de Almeida Santos. Ilustração: “História de uma Janela". Original de minha autoria (inspirado em fotografia da autoria de Dulce Guerreiro). Dezembro de 2020.

“História de uma Janela”. Jas. 12-2020.
POEMA – “O POETA E O VENDAVAL”
VÊS OS DESTROÇOS Desta janela, Meu amor? Foi o vendaval, O vento zangado Que passou Numa tarde Aziaga De um frio dia De inverno... ............... Uma infeliz e Rogada praga Que o levou Ao inferno. ERA A JANELA Da sua vida, Olhava-te dela Quando passavas Na rua dos seus Encantos, Dali voava Para a terra De ninguém, Tendo-te por Companhia, Indo sempre Mais além Em busca de Utopia... NELA DESENHAVA A cores De incontida paixão A tua silhueta Delicada, Teu perfil Em contraluz, Como sombra Encantada Desse rosto Que ainda O seduz. JANELA, A sua casa, Banhada Por luz intensa E flores De aromas Inebriantes, Uma eterna Primavera, Jardim Onde crescia O desejo, De ti sempre À espera, Lugar de sonhos, Berço de poesia, Porta aberta Para o mundo, Templo De alquimia. FICARAM Apenas ruínas, Um rasto De memórias quentes, Cores desbotadas, Mãos que pedem Ajuda, Silhuetas Inacabadas, Uma criança A nascer, Mulher que Espreita o futuro Em incerto Amanhecer, Estranhos pássaros Que sopram vida, Figuras Que renascem Das cortinas, Um estranho mundo Que desponta Desta janela Em ruínas. MAS O POETA Resiste, Armado de fantasia, De palavras sedutoras, Versos, estrofes, Riscos e cor, Respirando melodia... ...................... Ajudado pelo vento Redentor, Lança mãos, Num certo dia, À história Interrompida Nas ruínas Desse amor Em vendaval Para recriar O templo Que perdeu Com a arte De jogral. E VOA E continua a voar, Passa pela janela E sobe ao Monte Para cantar O que em si Lhe sobrou dela E assim a recordar.

“História de uma Janela”. Detalhe.