VOU CONTIGO PRA PASÁRGADA
Poema de João de Almeida Santos.
Ilustração: “Pasárgada”.
Original de minha autoria
para este poema.
Abril de 2021.
“Pasárgada”. Jas. 04-2021.
POEMA – “VOU CONTIGO PRA PASÁRGADA”
A Manuel Bandeira
VOU CONTIGO
Pra Pasárgada,
É outro mundo,
Irmão,
Quero ir-me
Embora,
Já me falta
Inspiração
Porque a brisa
Do nordeste
Ficou lá,
No Maranhão.
NÃO TENHAS,
Manel,
Saudades,
Nostalgia do futuro,
Temos passado
Que baste
E às vezes
Até foi duro.
VOU CONTIGO
Pra Pasárgada
Não quero
Ficar aqui,
Há tempestade
No ar,
A brisa
Da liberdade
Não passou
Do Piauí.
PRA PASÁRGADA
Quero ir,
Lá todos
Falam verdade,
Por aqui,
Ah,
Eu já nem sei,
Falta-me
Liberdade,
Aquela que
Conquistei.
GOSTO DE TI,
Poeta
Do reino
Da utopia,
Onde se pinta,
Canta
E dança
Ao sabor
Da poesia,
Porque o ar
É do mais puro...
..........
E cheira
A maresia.
NÃO GOSTO
D’estar aqui,
Há ruído
Que é demais,
Esta terra
Já não me serve,
Eu espero-te
No cais,
Vou contigo
No teu barco
À procura
De mar calmo,
Céu sereno
E tudo o mais,
Navegando
No azul,
Peixes voando
No mar,
No horizonte
Uma ilha,
Mulheres lindas
A acenar...
EM PASÁRGADA
Sou feliz,
Danço poemas
Ao raiar da
Madrugada
Até que o corpo
Se canse
Com alma
Apaixonada
E adormeça
No regaço
Da mulher
Que for amada.
POR AQUI OUÇO
Ruído,
Há armas
A crepitar,
Matam poemas
Com gritos,
Já nem podemos
Cantar.
VOU CONTIGO
Pra Pasárgada
No barco
Da poesia,
Lá cantarei teus
Poemas
Seja noite
Ou seja dia
E pedirei
A Athena
Que me dê
Inspiração
E me ajude
A compor
Um hino
À liberdade
Que seja
A nossa canção.
“Pasárgada”. Detalhe.
João de Almeida Santos 
Meu caríssimo João. Também eu quero ir contigo para Pasárgada, “lá sou amigo do rei, terei a mulher que quero na cama que escolherei…” (hony soit…). Gostarei de te acompanhar e com o teu belo poema como cartão de visita, conversamos com Manuel Bandeira. Não é preciso falar… Olhamos e poeticamente nos entenderem os. Sim, a Poesia falará por nós e ele certamente nos entenderá! Oh! Se entende… Com a ajuda do teu poema desejamos – lhe, esteja ele onde estiver, um bom domingo de Páscoa.
Transcrevo o comentário, que agradeço, do meu amigo e conterrâneo António José Dias de Almeida ao Poema:
“Meu caro João
Também quero ir contigo para Pasárgada, “lá sou amigo do rei, lá tenho a mulher que quero, na cama que escolherei…” (on y soit qui mal y pense!).
Com o teu belo poema como cartão de visita, vamos falar com Manuel Bandeira e, esteja ele onde estiver, certamente nos receberá porque sabe que ambos o admiramos. Só pela Poesia é que nos ouvirá e, se estiver bem disposto, dirá só para nós um poema, um só, dos mais belos que para sempre criou. Embevecidos, ouvi-lo-emos e, se pudermos ir hoje, poeticamente também lhe desejamos, porque não?, um bom domingo de Páscoa. Ele agradece e, sensibilizado com o teu poema, despede-se e, envolto numa bruma poética, desaparece e voa para o paraíso onde moram os génios que se encontram eternamente recitando-se uns aos outros os mais maravilhosos versos que nós, os humanos, não conseguimos perceber…
Vamos ler os que cá deixaram. E isso nos dá prazer e nos consola. Afinal, vivem connosco! Que bom.
Boa Páscoa para ti e para a tua família.
Obrigado, meu caro. Sim, vamos ter com ele. Pode mesmo ser a Pasárgada, onde ele está. Eu sei. Vou confessar-te um segredo: eu encontro-me com ele muitas vezes e, de vez em quando, cantamos à desgarrada os nossos poemas. E acabamos sempre por viajar até Pasárgada, que fica nos nossos nordestes. O Manel Bandeira nunca gostou dos bolsonaros. Um dia disse-me o porquê: “não compreendem a poesia nem gostam dela”. E acrescentou: “como não gostam da liberdade, não gostam da poesia”.” Lógico”, disse. E foi-se, cantarolando o poema “Vou-me embora pra Pasárgada”. E eu fui com ele. Uma boa Páscoa para ti e para os teus.