Poesia-Pintura

UM BRILHO NOS TEUS OLHOS…

Poema de João de Almeida Santos.
Ilustração: “Teus Olhos”.
Original de minha autoria.
Maio de 2021.
Jas_TeusOlhosPublicadoFinal2_0905

“Teus Olhos”. Jas. 05-2021.

POEMA – “UM BRILHO NOS TEUS OLHOS…”

OLHEI-TE NOS OLHOS,
Eram negros,
Intensos
E tão profundos,
Toquei teus cabelos
Com o olhar,
Caminhei a teu lado
Nesse jardim,
Senti o teu corpo
Tão perto de mim
A respirar
O acre perfume
Dessa ramagem
Do belo jasmim...

INEBRIOU-ME
Esse intenso
Aroma
E eu enredei-te
Num tão doce
Enleio
Que não tinha fim...

BRILHARAM
Pra mim,
Tão docemente,
Duas horas inteiras,
Esses teus olhos...
..................
E neles me perdi.

ESTIVE NO CÉU
Ao lado de deus
E lá vi dois sóis...
..................
Que não eram dele
(Uma luz intensa)
Porque eram teus.

MAS O TEMPO
Correu
Depressa demais...
...................
E é sempre assim.

TODOS OS DIAS
Se tornam iguais
Quando tu partes
E, em nostalgia,
Eu fico no cais.

VOLTEI A OLHAR-TE
Três horas seguidas.
Parecia verdade,
Mas era ilusão
Porque partiste
Deixando-me só
E o que sobrou
Foi solidão.

SUBIU A TRISTEZA,
A saudade irrompeu
Colou-se-me
Ao rosto...
..............
E como doeu!

SE EU NÃO TE VEJO
Sinto
Falta de ti,
Mas se te encontro
Logo te perco
Porque o tempo
Voa
E logo te leva
Pra longe dali.

TER-TE DEMAIS
Aumenta a saudade
E quando te vais
São tristes
As ruas
Da nossa cidade.

AINDA QUE TRISTE
Eu sou feliz
E com estas mãos
Te vou escrevendo
O que quero dizer,
Mas este meu tempo
Volta a correr
E cresce a vontade
De logo te ver
Mesmo que saiba
Que é nesse instante
Que te vou perder.

TENHO SAUDADES,
Saudades de ti
Desse virar
Da nossa esquina,
Na mesma rua
Onde te vi,
Dessa janela
Donde espreitávamos
O que do mundo
Sobrava pra nós.

EU JÁ NEM SEI
Que hei-de fazer,
Ter-te demais
É puro prazer,
Mas quando te vais
Fico sombrio,
Quase a morrer.

NEM SEI QUE TE DIGA.
Quando me deixas
Já nem sinto a dor
Tão grande a tristeza
De já não te ter
Pois tu partiste
Mesmo sem querer,
Ah, meu amor.
Jas_TeusOlhosPublicadoFinal0905R

“Teus Olhos”. Detalhe.

2 thoughts on “Poesia-Pintura

  1. Transcrevo, sensibilizado, o comentário do meu Amigo e conterrâneo Tó Zé Dias de Almeida: “Não sei que te diga”, João! “Eu já não sei”, a sério o realço, por onde andava escondida essa luminosidade intensa que os teus versos acolhem e brilhantemente transmitem. Um lirismo percorre com fluidez estrofe após estrofe para culminar garrettenianamente num desenlace eivado de um dramatismo que um sofrido suspiro deixa eternamente manietado o sujeito poético… Preso fica no seu enleio, e… Em vão se deseja libertar. Fica sombrio, quase a morrer, mas fica. Ponto. A ilustração é condizente e pelo que diz, mas muito mais pelo que sugere… Um abraço amigo do Tó Zé.”

  2. Sim, andava escondida de mim próprio. Talvez tenha sido encandeado por um clarão inesperado numa curva da minha vida, incendiando-me a alma. E quando reabri os olhos tudo mudara, mas algo ficou que não foi filtrado pela consciência, tendo ficado registado na zona não consciente (subconsciente ou inconsciente, não sei). E é isso que talvez funcione como pulsão irresistível que leva à escrita, à pintura, ao romance… à arte. É algo parecido com o que o Freud descreve nos “Estudos sobre a Histeria”. Parecido, o mecanismo, digo. Não igual. E é verdade que também passei a ir ao Nietzsche com mais regularidade, tendo-me finalmente convencido de que ele é mais filósofo da arte do que da escola dominante. Digamos que fui assaltado pelo espírito de Diónysos, tendo-me deixado ir suavemente com a sensibilidade levemente embriagada… Aconteceu e agora já nem saberia como regressar ao estado anterior. Há aqui uma força ou pulsão que tende a ser cada vez mais dominante. Uma pulsão que só pode ser controlada com a arte… A transmutação em sujeito poético é fascinante porque também permite aquilo que as outras linguagens não permitem. A uma pulsão irresistível corresponde uma linguagem do quase indizível ou inefável… Gosto sempre dos teus comentários, Tó Zé. E, mais uma vez, obrigado por este. Um abraço amigo.

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