O POETA-PINTOR
Poema de João de Almeida Santos
Ilustração: “Musa”.
Original de minha autoria.
Outubro de 2021.

“Musa”. Jas. 10-2021
POEMA – “O POETA-PINTOR”
O POETA BRINCAVA
Com suas palavras,
Cantava-te sempre
Quando não estavas.
ERA UM POETA,
Era fingidor,
Não te desenhava,
Cantava-te
A cor.
SUAS CORES
Eram as palavras,
Fazia pincel
Da sua caneta,
O pintor riscava,
Mas a sua tinta
Já não era preta.
POR ISSO COMPROU
Um belo pincel...
................
Pintava, pintava,
Era a granel,
E a sua tela
Deixou de ser
O velho papel.
DESCOBRIU A COR,
Que o fascinou.
Azul, vermelho
E tanto amarelo...
...............
Tudo ele pintou,
Procurando sempre
O que era belo.
ATÉ QUE O ENCONTROU
Na cor dos
Teus olhos.
Era luz da pura
Que iluminava
O novo papel
Onde desenhou
O teu fino rosto
Com o seu pincel.
DEU CORPO À COR
Com que te dizia,
As suas palavras
Tornaram-se riscos,
Mais que poesia.
PINTAVA-TE ASSIM,
Os poemas
Já não lhe chegavam,
Pintor de palavras
De cor as compunha
E versos voavam
No azul do céu...
..................
“E o que tu fazias
Faço agora eu”
(Dissera-lhe um dia)
“Porque sou poeta
Mas também pintor.
Deixaste-me só
Entregue à palavra
E eu,
Tão pobre de ti,
Pintei-me de dor.”
“MAS EU FAÇO DELA
O meu arco-íris
Pra subir ao céu
A ver se t’encontro
Atrás duma cor,
Pintando o teu rosto
Para um poema
Que vou escrever
Com este pincel
Que trago comigo
Enquanto viver”.
O POETA BRINCAVA
Mas era séria
Essa brincadeira,
Perdido em palavras
Encontrou a cor
E nos seus poemas
Dela fez bandeira...
................
Tornou-se pintor.