O TERRAÇO
Poema de João de Almeida Santos Ilustração: “O Terraço” Original de minha autoria Fevereiro de 2022

“Terraço”. Jas. 02-2022
POEMA – “O TERRAÇO”
É DAQUI, Deste terraço, Ó deusa, Que te alcanço E te vejo Com a forma Intangível Do desejo. SILÊNCIO, Nuvens, Um lago, Uma luz Que rompe O escuro Da partida E acende O dourado, Elementos Que compõem O teu muro, Meu pecado. É DAQUI Que eu te sonho, Uma fresta No teu céu, Um olhar Que não tem fim... ........ É daqui Que eu te quero Sem limites No poema, Quando Com palavras Te olho E te vejo Como se fosses O fruto Daquilo que eu Mais desejo. É DAQUI Que eu não saio Quando parto Para longe, Pois é aqui Que te tenho Nas raízes Do que sou. ERA AQUI Que eu te queria Se aqui não te Tivesse, Ver-te Ao perto Sem te tocar, Beijar-te Com os olhos Numa noite De luar. VÊS, Meu amor, Como é simples Gostar de ti? A mim basta, Neste encanto, Ficar-me Docemente Aninhado Num recanto... .............. Reinventar-te Por aqui.

“Terraço”. Detalhe
O Poema está maravilhoso, carregado de amor intenso sempre presente. Óptimo dia Prof.
Obrigado, Maria Paula Gomes. Sim, é essa a virtude, a liberdade e a grande força da poesia – poder cantar o que vai na alma do poeta, do fingidor que finge cantar o que deveras sente. Tinha razão o Pessoa. Muitas vezes digo que a poesia tem um enorme poder performativo, valendo não só como palavra, mas também como acto. A poesia como solução da própria vida. Digo poeticamente e assim recrio e revivo o objecto da recriação no seu melhor. É a arte como recriação em ausência. Ou a ausência como condição da recriação.Disso fala a Yourcenar no livro “Le Temps, Ce Grand Sculpteur”. Um óptimo fim de dia também para si.