FUGAZ ENCONTRO
Poema de João de Almeida Santos Ilustração: “Travessia” Original de minha autoria Fevereiro de 2022

“Travessia”. Jas. 02-2022
POEMA – “FUGAZ ENCONTRO”
ÀS VEZES Passas Por mim Como vento Intangível, Sonho Espectral, Impossível, E voas Por entre os dedos Dessas mãos Com que te pintas... VOAS, SIM, Mas eu não sei Se vais Para o pontão Deste cais Donde sempre Nós partimos Para viagens Fatais À procura D’infinito. SOPRA-TE O vento Na alma? Desenhas Com ele O teu rosto? Ah, pareces Triste demais E é disso Que eu não gosto. NA RUA Do desencontro Encontrei-te Apressada... Fiquei feliz De te ver Embora por um Instante, Um pouco mais Do que nada. FIZESTE-ME Renascer De vaga Melancolia... ....... Imagina O que seria Se te visse Duas horas Ou te tivesse Um dia. AH, QUE DOCE Sensação Sentir saudades De ti... .......... Prevendo Que não virias Mesmo assim Eu não parti Tão grande Era o desejo De te encontrar Por ali... E FALEI-TE Da minha janela, Olhei, fascinado, Pra ti: “Minh’amiga Como és bela...” ........... Nem sabes O que senti... MAS, NUM SÚBITO Ímpeto, Disse pra mim: "Eu não canto Esta cantiga De te ver Tão pouco assim. Vou-me embora, Pois se te Encontro Logo me foges, Se te quero, Não te procuro... ........ Eu vivo Num intervalo Que mais me parece Um muro”. AH, SIM, Entre ti E os teus riscos Eu estou Entrincheirado, Caminho só, Em poemas, Nunca passo Deste lado.