O REGRESSO
Poema de João de Almeida Santos. Ilustração: “Talismã”. Original de minha autoria. Março de 2022.

“Talismã”. Jas. 03-2022
POEMA – “O REGRESSO”
DISSESTE-ME Que partias, Que o coração Em tormento Já te pulava No peito... ........... E que ficar Não podias... “TENHO DE PARTIR, Não me sinto Muito bem, É distante daqui (Bem sei), Como as memórias D’infância E o olhar De minha Mãe." “MAS OUÇO-AS Lá longe, Ouço bem As amigas De outrora Que fogem Das bombas Na hora, Mas lembram Hordas antigas Nas ruas do Meu país.” DISSESTE-ME,SIM, Que andavam Por lá Perdidas Na tragédia Consumada, Na procura Impotente Dessa paz Que foi Roubada. “EU GOSTO Das praias De areia branca, Gosto das praças E das ruas Do teu país, Mas é mais forte A raiz, O apelo Que o vento Me traz Do sagrado Chão natal, Poderoso Chamamento, Alvorada Marcial.” “GOSTO DA PRAIA, Oh, se gosto (Acredita), Mas já não a posso Sentir Porque me pula De dor O meu pobre Coração E me leva De regresso Às origens, Ao sagrado Do meu chão.” “JÁ NEM ADORMEÇO Ao som Das meigas ondas Do mar, O cheiro a maresia É vaga Recordação E a paz Em que vivia Eu já não A posso ter Porque é forte O sobressalto Logo ao Amanhecer.” “ENEVOA-SE A memória, Há muito ruído No ar, Crepitam armas No solo Da minha infância, No abrigo Do meu lar.” “VOU-ME EMBORA, Vou lutar Para o meu solo Materno E se um dia, Caída No chão Sagrado E eterno, Eu não voltar Só te peço Que me cantes Em voz alta, Com alegria (A que agora Me falta), Num poema Desenhado À beira Do nosso mar.” VAI SIM, Minha Amiga, A paz Há-de voltar E, numa tarde De verão Em tempo de Preia-mar, Sentar-me-ei Contigo n’areia Pra esse poema Cantar.