A AGUARELA
Poema de João de Almeida Santos
inspirado no poema de
Manuel Bandeira
“Tema e Variações”.
Ilustração: “O Retrato”
(n.º 24; 68x80).
Pintura que integra
a Exposição “Luz na Montanha”,
aberta ao público até 25.09,
no Centro Cultural de Cascais.
Agosto de 2022.

“O Retrato”. JAS. 2022. (n. 24. 68×80). Pintura que integra a Exposição “Luz na Montanha”, aberta ao público até 25 de Setembro, no Centro Cultural de Cascais.
POEMA – “A AGUARELA”
SONHASTE, MANEL,
Que havias sonhado
Estar à janela,
Sonhando a cores
Que estavas com ela.
TAMBÉM EU SONHEI
Que tinha sonhado
E que no sonho
A tinha encontrado,
Passando por ela,
Ali, lado a lado.
MAS LOGO ACORDEI
Do primeiro sonho.
Sonhando, eu vira
O seu belo rosto
Numa aguarela
Pintada a cores
Que tinha guardado
Para uma tela.
SONHEI, OUTRA VEZ,
Que era pintor,
Mas que sempre
Pintava
Esse seu rosto
A uma só cor.
DIZIA, SONHANDO,
Que não podia ser.
De tão expressivo,
Era um arco-íris
Ao amanhecer,
Um belo sorriso
Para o mundo ver.
MAS EU SÓ O VIA
Com a minha cor.
De seda tecido,
Ele me seduzia
No sonho sonhado
Onde sempre a via
Ali, a meu lado.
NÃO QUERIA ACORDAR
Do sonho feliz
E nele fiquei
De olhos fechados
Porque nessa cor
Fiquei enleado
Com todo o meu ser...
................
Talvez por amor.
NO SONHO OLHEI
Para o meu espelho
E logo eu vi
Que essa minha cor
Era o vermelho.
NO ÚLTIMO SONHO
Voltei a sonhar
Que tinha sonhado
Que o encontrei,
Esse rosto amado,
E logo lhe disse,
Neste novo sonho,
Que a tinha sonhado.
DISSE-ME QUE NÃO,
Que nunca me vira
Sequer acordado...
E logo acordei
Desse pesadelo.
Foi assim que vi
Que tinha sonhado
E que ela
Já lá não estava
Ali, a meu lado.
QUIS ADORMECER
Para a encontrar,
Mas não consegui
Sonhar que a via,
Pôr os olhos nela,
Viver o meu sonho
Como alquimia,
Porque, acordado,
Logo descobri
Na minha parede
Aquela aguarela
Que do sonho
Passado
Eu já conhecia...
................
Era o rosto dela.
Belo poema…cheio de sonhos sonhados em belas cores e amor que é estranho num belo sonho!
Parabéns João…gostei como se sonhasse, também