SONHO
Poema Triste
Poema de João de Almeida Santos. Ilustração: “Um Sonho no Jardim”. Original de minha autoria. Setembro de 2022.

“Um Sonho no Jardim”. JAS. 09-2022
POEMA – “SONHO”
SONHEI Que as palavras Se gastaram, Desfiaram, Desataram, Sobrando fios Para tecer O silêncio. SONHEI Que a tinta Perdeu cor, Que já não havia Poemas E que não era Pintor. SONHEI Que não eras tu, Que foi tudo Ilusão, Os encontros, O teu nome E as marcas De paixão. SONHEI Que te procurei No mundo Da fantasia Onde as flores Caminhavam, Sabiam a maresia, Tinham rostos De mulher... ............ Mas surdos Ao que dizia. SONHEI Que não sabia Onde estás, O que fazes E o que sonhas Nas noites Do teu luar, O que vês Nesses momentos Fugazes Em que olhas Para ti. SONHEI Que já não me lês, Que não ouves A melodia Num lugar Que não alcanço Com a minha Fantasia. NO SONHO, Fui à memória, Que também Perdeu a cor. Ficou tudo A preto e branco E nela já não Te via... ............. Foste embora, Meu amor! SONHANDO, Procurei cor Num outro Lugar qualquer, Mas só encontrei O cinzento E por falta De vermelho Meus versos Tão desbotados Já nem iam Com o vento... “FOSTE EMBORA Para onde Que eu não sei Onde estás?”, Perguntei, Quando do sonho Acordei. SAÍSTE De onde estavas E agora resta O desejo De te cantar Sem palavras Pra que ouças O silêncio Com que antes Me chamavas... MAS NÃO ME CHEGAM Sinais, Vivo num poço Profundo E nele Eu vou caindo (Cada vez mais) Como um triste Vagabundo. O SOL TAMBÉM Já se foi As sombras Tomaram conta De mim, Meus dias São sempre Iguais, Sinto um vazio Sem fim... AH, MAS PINTO, Agora pinto, É hora de Redenção, Tenho cores, Tenho aromas E regressa A emoção, Há flores Por todo o lado, Volto outra vez A sonhar, Tenho luz, Tenho um destino E já navego Em alto mar... OH, SIM, Eu tenho tudo, Quase tudo, E retomo O meu caminho... .......... Mas perdi A minha Musa, A fonte D’inspiração. Foi-se embora Com o vento E em meu triste Pensamento Nem me sobrou Ilusão. TENHO TUDO, Talvez tenha, Mas gastaram-se As palavras, Gastou-se tudo, Afinal... .............. Só ficou o teu Cinzento, A tinta com que Me lavras O peito E me afundas Nesta dor, A que canto Em surdina Para ouvires O silêncio Com que te pinto Sem cor.

“Jardim Espectral”. Detalhe