RENÚNCIA
Poema de João de Almeida Santos.
Ilustração: “Poesia”.
Original de minha autoria.
Setembro de 2022.

“Poesia”. JAS. 09-2022
POEMA – “RENÚNCIA”
RENUNCIEI
Para nunca
Te perder,
Mas nesta
Distância sofrida
Vai lentamente
Declinando
O que pra sempre
Eu quis ter.
VÊS, BERNARDO,
Que destino?
Que desassossego
O meu?
Quis seguir
O teu caminho...
.........
Perdi-me,
Já não sou
Eu.
TU AMAS
A poesia
(Bem sei),
Mas não te ajeitas
Com ela,
Senti-la é
Doce sofrer,
Entras na porta
Da vida,
Não a vives
À janela
Como quem
Só sabe ver.
ELA DIZ TUDO
Com nada,
O seu canto
É prazer,
É melodia
De fada,
Se a sofres
Docemente
Já não a sentes
Doer,
Sua dor
É quase nada,
Nela podes
Reviver.
NO POEMA
Eu até finjo,
É poeta
Quem o diz,
Mas se sentir
O que digo
Talvez até seja
Feliz,
Pois poema
É como a vida,
Posso ouvir
A minha alma,
Seus desejos,
Com palavras,
É um modo
De me ter,
É remédio
Que me salva
De em solidão
Me perder.
ESTE CANTO
É, pois, meu,
Nem tu
Mo podes
Roubar,
Se disserem
Que é pra ti
É verdade...
............
De enganar.
O VERSO
É o meu beijo
Nesse rosto
Que perdi,
É quente
Como o desejo
E resiste
A quem te diz
Que o poeta
Já não ama
Porque as palavras
Desenha
Com um pedaço
De giz.
AH, O AMOR
Em poesia
Vai mais longe,
Mergulha
Na utopia,
Vai mais fundo,
É doce
Melancolia,
Com palavras
Aquece a alma
E faz delas
O seu mundo
Aquele que
Sempre o salva
Porque só nelas
Confia.
EU NÃO GOSTO
Da renúncia,
Mas que posso
Eu fazer?
Se não cantar
O que sinto
Depois de tudo
Perder
É certo que desatino
Perco o norte
E a noção
Fica quase tudo
Igual,
É da vida
Deserção.